Trivela
·01 de setembro de 2022
Ilicic se despede da Atalanta como um dos maiores símbolos do período mais imponente do clube

Trivela
·01 de setembro de 2022
Josip Ilicic tinha uma carreira consolidada na Itália quando chegou à Atalanta em 2017/18. O esloveno teve bons momentos com a camisa do Palermo e ainda melhores pela Fiorentina. Porém, foi em Bérgamo que ele ganhou reconhecimento como um dos melhores atacantes da Serie A e também como um ícone da Dea. Pouquíssimos jogadores representam tão bem o sucesso recente dos Orobici quanto o camisa 72, de gols tão mágicos quanto decisivos. Qualidade técnica nunca faltou ao estilo exuberante de Ilicic, assim como sua estrela brilhou em momentos grandiosos, especialmente na Champions 2019/20. Mas, enfrentando uma depressão, o atacante era figura cada vez mais rara nas partidas da Atalanta. Contou com o apoio e a compreensão do clube, enquanto manifestava o desejo de buscar novos ares. Antes do fechamento da janela, as duas partes rompem o contrato, para que Ilicic possa buscar um novo destino sem empecilhos no mercado.
Revelado pelo Interblock e com uma curta passagem pelo Maribor, Ilicic não precisou de tempo de adaptação na Serie A. Começou arrebentando pelo Palermo, clube que defendeu por três temporadas. Foram 25 gols e 18 assistências em 107 partidas, um número expressivo para um novato. O atacante deu um passo maior quando acertou com a Fiorentina em 2013/14. Permaneceu quatro temporadas com a Viola, autor de 37 gols e 18 assistências em 137 aparições. Esteve em quatro edições da Liga Europa e ampliou seu status no Calcio. Ainda assim, o melhor estava por vir na Atalanta. Acabou comprado por €6,4 milhões. Uma pechincha a tudo o que viveria em Bérgamo.
A primeira temporada de Ilicic pela Atalanta já foi acima de sua média, por números e por classe, entre dribles elegantes e finalizações caprichosas. Anotou 11 gols e distribuiu oito assistências na Serie A. Abrilhantou a equipe que brigava por vaga nas copas europeias. Os números se mantiveram próximos em 2018/19, com 12 gols e sete assistências, mas a Dea cresceu. Pela primeira vez, a equipe conquistou uma vaga na Champions League. Foi então que Ilicic viveu seu melhor em 2019/20. Somou 15 gols e oito assistências no Italianão, enquanto balançou as redes cinco vezes no torneio continental. Todos os cinco tentos vieram nas oitavas de final diante do Valencia, talvez o maior jogo da equipe de Gian Piero Gasperini nesta ascensão recente – e com um contexto mais amplo por causa da pandemia.
Todavia, Ilicic começaria a dar sinais de desgaste mental. Segundo o capitão Papu Gómez, o companheiro entrou em depressão após contrair o coronavírus no segundo semestre de 2020. Ele seria menos efetivo em 2020/21, com seis gols e dez assistências na Serie A. Por fim, em 2021/22, teve sua menor minutagem desde que chegou à Itália. Ainda disputou o primeiro turno do Italiano, mas o estado emocional rendeu uma pausa de janeiro a maio. Voltou apenas para a rodada final, diante do Empoli. Seria bastante aplaudido no Estádio Gewiss, naquela que se tornaria a despedida da Atalanta.
Por aquilo que é de conhecimento público, a Atalanta atuou de maneira bastante compreensiva com Ilicic. O atacante recebeu apoio e pôde cuidar de si. De qualquer maneira, sua recuperação também passava pelo desejo de buscar um novo clube. Alguns rumores aconteceram nesta janela de transferências, incluindo Milan e Verona, mas nenhuma venda foi concretizada. A rescisão contratual permite que, livre no mercado, o esloveno negocie melhor o seu próximo vínculo e não fique limitado à janela de transferências. Apesar de suas questões pessoais, interessados não deveriam faltar ao veterano de 34 anos, pela experiência e pela qualidade.
Ilicic se despede da Atalanta com 60 gols e 44 assistências em 173 partidas. É o quarto maior artilheiro da história do clube, embora Luis Muriel deva passá-lo em breve. A idolatria, entretanto, se mede também pelas vezes em que sacudiu as arquibancadas e arrancou aplausos da torcida, com enorme habilidade. Em simbolismo, talvez só fique atrás de Papu Gómez nestes anos recentes da Dea – e sem uma rusga em seu adeus, como foi com o argentino. A despedida pode ter sua ponta de melancolia, mas não diminui a história construída. Esses cinco anos garantem que Ilicic terá as portas abertas em Bérgamo pelo resto de sua vida.