Gazeta Esportiva.com
·03 de outubro de 2022
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·03 de outubro de 2022
A indignação contra a polícia da Indonésia é cada vez maior após a morte de 125 pessoas em uma das maiores catástrofes da história do futebol, no último fim de semana. As forças de segurança usaram gás lacrimogêneo em um estádio lotado e provocaram um grande tumulto.
A tragédia da noite de sábado na cidade de Malang também deixou 323 feridos. A confusão começou com a invasão dos torcedores do Arema FC ao gramado do estádio Karnjurhan depois que o time perdeu por 3 a 2 para o Persebaya Surabaya, a primeira derrota para o rival em mais de duas décadas.
A polícia respondeu com o uso de gás lacrimogêneo contra as arquibancadas lotadas, o que provocou uma corrida desesperada dos torcedores para os pequenos portões, onde foram esmagados ou asfixiados, segundo testemunhas. A guarda chamou o incidente de “motim”, no qual dois agentes morreram, mas os torcedores acusaram a força de segurança de exagerar na resposta e provocar a morte de muitas pessoas, incluindo uma criança de cinco anos.
“Uma de nossas mensagens é que as autoridades devem investigar de maneira profunda; Queremos prestação de contas. Quem é o responsável?”, questionou Andika, de 25 anos, que não revelou o sobrenome. “Queremos justiça para os torcedores mortos”, acrescentou.
Uma vigília foi organizada no domingo à noite do lado de fora do estádio Kanjuruhan para homenagear as vítimas. A irritação com as autoridades ficou evidente em frases pintadas nos muros do estádio, como “Meus irmãos morreram. Investiguem”, ao lado da data da tragédia.
Em Jacarta, centenas de torcedores se reuniram nas proximidades do maior estádio do país e gritaram “assassino”, assim como canções de apoio ao Arema FC. O presidente do clube, Gilang Widya Pramana, pediu desculpas e se responsabilizou pelo incidente.
“Como presidente do Arema FC, assumirei toda a responsabilidade do ocorrido. Peço desculpas profundas às vítimas, seus familiares, todos os indonésios e à Liga 1”, disse.
O ministro da Segurança do país do sudeste asiático, Mahfud MD, determinou uma investigação e punição aos responsáveis pela tragédia. Ele anunciou que a comissão investigativa terá integrantes do governo, analistas, dirigentes do futebol, representantes da imprensa e das universidades, além de prometer resultados em duas ou três semanas.
Grupos de defesa dos direitos humanos exigiram uma comissão independente e que os policiais sejam responsabilizados pelo uso de gás lacrimogêneo em um espaço fechado. A indignação é cada vez maior no país, com muitas críticas à polícia.
Uma petição online com o título “A polícia deve parar de usar gás lacrimogêneo” recebeu quase 6 mil assinaturas nas primeiras horas. O técnico do Arema FC, o chileno Javier Roca, disse que “alguns torcedores que morreram nos braços dos jogadores”.
“Os jovens passavam com as vítimas nos braços. Acho que a polícia ultrapassou os limites”, declarou à rádio espanhola Cadena Ser.
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, considerou a tragédia como um “dia sombrio para o futebol”.
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