Calciopédia
·16 de novembro de 2021
Calciopédia
·16 de novembro de 2021
Depois de Jorginho desperdiçar, contra a Suíça, o pênalti que praticamente colocaria a Itália na Copa do Mundo de 2022, a Nazionale viajou até Belfast para enfrentar a Irlanda do Norte, precisando vencer e, de preferência fazer saldo, para não precisar ficar de olho no que os helvéticos fariam em casa, diante da Bulgária. Contudo, a Squadra Azzurra não triunfou, sequer fez gols e vai ter de enfrentar o novo e complicado modelo de repescagem da Uefa para voltar a disputar a grande competição de seleções.
Com muitos desfalques, Roberto Mancini fez apenas duas mudanças em relação à equipe que empatou com a Suíça no San Siro, com Tonali e Berardi assumindo as vagas de Locatelli e Belotti. Sem Immobile, lesionado, o técnico decidiu jogar sem um centroavante de referência e escalou Insigne como falso nove.
O primeiro tempo teve um padrão repetido nos últimos jogos da Itália contra adversários mais frágeis, que defendem com bloco baixo e muitas peças dentro da área. A Squadra Azzurra circulou a bola de um lado a outro, sem velocidade e com pouca movimentação, sendo muito previsível e facilitando a vida dos defensores. Além dessa dificuldade técnica e tática que vem se repetindo, o fator da importância da partida fez claramente muita diferença. A equipe foi muito cautelosa em buscar as jogadas, com medo de cometer erros.
Mancini repetiu o padrão ofensivo, fixando Emerson na base da jogada e liberando Di Lorenzo pela direita, para fixar a marcação bem próximo à linha lateral – na esquerda, Chiesa ou Insigne faziam o mesmo papel. Jorginho ficou responsável pelo primeiro passe, enquanto Tonali e Barella tinham a missão de circular, buscando se conectar com Insigne e Berardi.
O time criou uma chance ou outra, principalmente quando o passe longo achou Di Lorenzo, Insigne e Chiesa em situação de um contra um, ou pelo menos com o segundo marcador mais afastado. A Irlanda do Norte chegou a ocupar sua área de defesa com nove jogadores, dificultando muito as finalizações da Itália.
Donnarumma fora do gol e Acerbi “defendendo”: uma imagem que mostra a bagunça da Itália em Belfast (Getty)
Depois de um primeiro tempo tão ruim, se imaginava que Mancini faria mudanças radicais já na volta do intervalo – em termos de peças e, principalmente, na postura. Isso não aconteceu. O treinador trocou apenas o amarelado Tonali por Cristante e o segundo tempo seguiu com na mesma toada do primeiro, com um time lento e sem entender a urgência de buscar o resultado.
Logo antes dos 55 minutos, a situação piorou, pois a Suíça abriu o placar contra a Bulgária. Isso não alterou a postura da Itália em campo. Nada mudou mesmo quando Vargas aumentou a vantagem dos suíços. O risco foi aumentando, Mancini colocou Belotti, Bernardeschi e Locatelli em campo, mas o desempenho continuou muito ruim. Embora o esquema tático e as peças fossem diferentes, os azzurri continuaram atuando mal.
Além da lentidão para trocar passes, a Itália perdeu até mesmo as poucas escapadas que conseguia para tentar o mano a mano, além de começar a permitir descidas perigosas da Irlanda do Norte em contra-ataques. Enquanto isso, a Suíça teve dois gols anulados e não desperdiçou na terceira oportunidade, fazendo 3 a 0 contra a Bulgária: a Squadra Azzurra, acéfala em campo, precisava de pelo menos dois gols em Belfast. Mancini lançou sua última cartada, pondo Scamacca no lugar de Emerson, mas o cenário permaneceu o mesmo – e a Suíça ainda faria o quarto em Lucerna.
Nos derradeiros minutos da partida, a Itália tentou uma finalização ou outra de fora da área, efetuou cruzamentos ruins, que favoreciam a defesa bem postada dos norte-irlandeses, e empilhou escanteios cobrados de maneira muito displicente. Além disso, o time da casa ainda chegou perto de marcar quando Washington foi lançado e Donnarumma passou em branco, deixando o gol aberto. Acerbi amaciou no bloqueio parcial e Bonucci salvou em cima da linha. Pouco depois, o árbitro István Kovács apitou o final da partida e o filme de terror do ciclo de 2018 irá se repetir: a Itália ficou com o segundo lugar do Grupo C e terá de enfrentar a repescagem para a Copa do Mundo.
Não precisava ser assim. A Itália teve dois pênaltis perdidos contra a Suíça (na ida e na volta), amargou um empate melancólico contra a Bulgária, desperdiçando muitas chances de gol em Florença, e ainda fez um jogo muito morno contra a Irlanda do Norte, no momento onde a equipe mais precisava entregar. Chances não faltaram e a Itália conseguiu desperdiçar todas elas. Não passaria impune, portanto.
Agora resta à comissão técnica aguardar o sorteio do quadrangular no dia 26 de novembro. Cabeça de chave, a Itália fará a semifinal da repescagem em casa, em jogo único, e ainda precisará de um sorteio para, caso vença o seu primeiro compromisso, descobrir onde atuará na final – no mesmo sistema. Até lá, Mancini e seus subordinados deverão estudar bastante as seleções que podem enfrentar em março e trabalhar muito para recuperar emo desempenho alcançado até a Euro. Na repescagem, a campeã do continente não pode falhar.