Calciopédia
·13 de novembro de 2021
Calciopédia
·13 de novembro de 2021
Não foi dessa vez. No dia em que Gian Piero Ventura anunciou sua aposentadoria do futebol, a Itália entrou em campo contra a Suíça, em jogo que poderia deixá-la com um pé e meio na Copa de 2022. Porém, o fantasma do técnico que perdeu a repescagem do Mundial de 2018 para a Suécia continuou a assombrar os azzurri. O empate por 1 a 1 no Olímpico nesta sexta, 12 de novembro, mantém o cenário do Grupo C indefinido para a última rodada.
O confronto direto entre Itália e Suíça era o único jogo que importava na chave nesta penúltima jornada. Afinal, somente essas seleções, empatadas em pontos, podiam conquistar vaga direta na Copa do Catar – e nada mudou após a paridade na Cidade Eterna. A Nazionale, que poderia ter garantido uma folga maior em caso de vitória, viajará a Belfast, capital da Irlanda do Norte, no intuito de somar mais pontos do que os helvéticos, que recebem a Bulgária.
Há outras combinações possíveis para a Itália conquistar a vaga direta, sem a necessidade de superar um processo de repescagem modificado e mais complicado do que o anterior – agora, prevê semifinal e final. Em caso de igualdade nas duas partidas, os azzurri avançam pelo saldo de gols. Se houver vitórias ou derrotas dos postulantes ao Mundial em ambas as pelejas, a equipe de Roberto Mancini precisará superar os suíços na diferença de bolas nas redes ou por ter ataque mais positivo: neste momento, os italianos têm dois tentos a mais do que os alpinos no saldo e 13 gols pró contra 11. A Suíça passa se fizer resultado melhor do que os itálicos ou se conseguir reverter a diferença de tentos.
Num duelo cheio de ausências, Mancini encontrou mais dificuldades do que Yakin (Getty)
O duelo do Olímpico foi marcado pelo grande número de desfalques. Pela Itália, Mancini teve de escalar o seu time sem Chiellini, Verratti e Immobile, enquanto a Suíça de Murat Yakin não tinha Elvedi, Zuber, Xhaka, Embolo e Seferovic. Neste cenário, os visitantes souberam lidar melhor com as ausências e fizeram os azzurri passarem por maus bocados no primeiro tempo.
A Suíça aproveitou a inesperada descompactação dos setores da Itália e acionou muito Okafor, substituto de Seferovic. Enquanto o titular habitual da seleção helvética atua como referência na área, o ponta de origem nigeriana se movimentou bastante, explorando espaços nas costas dos defensores, sobretudo pelo flanco esquerdo. Foi assim que, aos 11 minutos, recebeu em profundidade e rolou na entrada da área para Widmer, que surgiu para emendar um foguete no ângulo de Donnarumma, abrindo o placar.
Durante a primeira metade da etapa inicial, a Nazionale sofreu muito com este expediente e Okafor quase anotou novamente aos 15 minutos, após um chute que passou à direita do gol de Donnarumma. A partir de então, os italianos equilibraram a peleja, mesmo tendo um Belotti completamente alheio ao que ocorria no gramado. Aos 21, a Squadra Azzurra ficou perto do empate após boa jogada de Emerson, que deixou Widmer para trás e cruzou rasteiro para Jorginho. Zakaria bloqueou a finalização do ítalo-brasileiro e, na sequência, Sommer fez defesaça para evitar o gol de Barella. O arqueiro voltou a ser providencial pouco depois, ao segurar um arremate de Chiesa.
O crescimento de produção ofensiva pelo lado italiano resultou em gol aos 36 minutos. Insigne e Di Lorenzo levaram para a seleção uma jogada ensaiada por Luciano Spalletti no Napoli e enganaram a retaguarda suíça. O atacante cobrou falta na área e o lateral-direito partiu por entre as linhas defensivas adversárias para se antecipar a Sommer e cabecear para as redes.
Em dia pouco criativo da Itália, o gol saiu em jogada ensaiada de Insigne e Di Lorenzo (Getty)
Ter conseguido o empate antes do intervalo foi fundamental para a Itália. Nos vestiários, Mancini pode conversar com a equipe e tentar solucionar os aspectos que lhe deixaram visivelmente irritado na etapa inicial. Contudo, o time não apresentou grandes mudanças e o treinador decidiu mexer minutos depois do retorno ao gramado: primeiro, sacou Locatelli e Belotti, proporcionando as entradas de Tonali e Berardi; depois tirou Barella, que não estava 100% fisicamente, e colocou Cristante.
As alterações surtiram efeito e a Itália passou a criar mais e pressionar uma Suíça que há tempos não incomodava Donnarumma. Aos 75 minutos, os azzurri ficaram perto do gol quando Insigne finalizou da entrada da área e o desvio em Akanji quase traiu Sommer: já deitado, o arqueiro defendeu com os pés. A Nazionale continuou a tentar emparedar os helvéticos e, para isso, Mancini trocou Emerson pelo descansado Calabria e devolveu a presença de área à equipe, substituindo Insigne por Raspadori.
A estratégia do treinador ficou perto de funcionar aos 89 minutos, quando Berardi recebeu na área e foi empurrado por Garcia. Após consulta ao VAR, Anthony Taylor confirmou a penalidade e Jorginho se encaminhou para a cobrança. No entanto, o ítalo-brasileiro optou por mudar a forma como habitualmente finaliza e isolou – vale lembrar que o camisa 8 também desperdiçara pênalti no jogo de ida contra a Suíça. A ducha de água fria desconcentrou a Itália, que quase viu Zeqiri marcar na sequência, após uma trapalhada de um Donnarumma visivelmente sem ritmo.
No fim das contas, o empate deixou tudo aberto para a derradeira rodada do Grupo C, que acontece na segunda-feira. Em Belfast, a Itália precisará superar uma Irlanda do Norte desclassificada, mas que ainda não perdeu e sequer sofreu gols em casa nas Eliminatórias para a Copa do Mundo. A Suíça enfrenta a Bulgária, que tem os mesmos 8 pontos dos norte-irlandeses e uma espécie de bipolaridade defensiva: por um lado, sofreu três gols dos helvéticos e da Lituânia no certame; por outro, também conseguiu impor dificuldades para os italianos no 1 a 1 de Florença.