Trivela
·31 de março de 2021
Trivela
·31 de março de 2021
A Copa Africana de Nações concluiu suas eliminatórias nesta terça-feira. Ou, ao menos, deveria ter concluído. Uma das partidas mais importantes do dia não aconteceu, o confronto direto entre Serra Leoa e Benin. As duas equipes disputavam a segunda vaga do Grupo L, que já tinha a Nigéria confirmada na fase final do torneio. Os serra-leoneses jogavam em casa, mas os beninenses tinham a vantagem do empate para se garantir na CAN. Porém, seis jogadores de Benin deram positivo no exame de COVID-19, revelado horas antes do duelo. Os visitantes acusaram uma fraude nos resultados, se recusaram a entrar em campo e a definição da vaga poderá acontecer apenas nos tribunais.
Presente na CAN 2019 e com quatro participações no histórico, Benin vinha com sete pontos no Grupo L. Já Serra Leoa tentava sua terceira classificação, a primeira desde 1996, e precisava vencer o embate em Freetown. Parecia um compromisso normal até que, horas antes do pontapé inicial, aconteceu a confusão. Os beninenses receberam os resultados dos exames de COVID-19 e teriam seis desfalques para a partida. Cinco atletas supostamente doentes eram titulares, incluindo o atacante Steve Mounié, principal figura dos Esquilos. Também estariam fora os dois zagueiros titulares, bem como o goleiro Saturnin Allagbé.
Para Benin, no entanto, os resultados não são legítimos. Segundo o jornal L’Équipe, a federação afirma que realizou três exames antes da viagem para Serra Leoa, o último no sábado, e que ninguém tinha dado positivo na delegação. Causou estranheza, então, que os positivos num grupo de 77 pessoas sejam exatamente a espinha dorsal da equipe. A demora na divulgação dos resultados também gerou suspeitas, com os nomes disponibilizados apenas quando Benin saía do hotel, num papel escrito a caneta. Além disso, quando o ônibus chegou ao estádio, os serra-leoneses queriam retirar os seis atletas positivos em uma ambulância, o que foi recusado e gerou mais confusão.
Diante da insatisfação de Benin, o início do jogo às 16 horas foi suspenso e uma reunião emergencial aconteceu, envolvendo também delegados da CAF e da Fifa. O pontapé inicial foi remarcado para as 19 horas, sem os jogadores contaminados. Contudo, o ônibus beninense permaneceu bloqueado por 4h na entrada do estádio. Quando o veículo recebeu a liberação, a delegação decidiu retornar ao hotel – ainda impedida de subir aos quartos por uma hora. Sem que os visitantes comparecessem a campo, a partida foi cancelada. Caberá à CAF determinar o que será feito.
Ainda existe a possibilidade de que o jogo seja remarcado. Porém, diante da recusa de Benin ao entrar em campo, o mais provável é que Serra Leoa garanta a vitória por W.O. e sele a classificação à Copa Africana. De qualquer maneira, a situação abre margem para um processo nos tribunais. Vale reforçar que os exames estavam sob responsabilidade das autoridades locais em Serra Leoa.
Episódios do tipo não são exatamente novos na CAF. Mesmo em jogos de clubes, surgiram acusações de manipulação nos exames de COVID-19, após diversos casos de jogadores visitantes desqualificados horas antes do pontapé inicial. Curiosamente, algo parecido aconteceu em Benin x Nigéria na rodada anterior das Eliminatórias da CAN. Alex Iwobi teria testado positivo na chegada a Benin e ficou de fora na vitória das Super Águias por 1 a 0. Porém, a contraprova indicou que o ponta não estava infectado, levantando suspeitas sobre a veracidade do primeiro exame. Com permissão da CAF, ele participou da vitória sobre Lesoto nesta terça.
Mais quatro seleções confirmaram sua classificação à CAN 2021 nesta quinta. A Etiópia avançou mesmo com a derrota diante de Costa do Marfim e vai disputar a décima edição do torneio, a primeira desde 2013. A Mauritânia repetirá sua aparição, após estrear em 2019. Guiné-Bissau vai para sua terceira edição, todas consecutivas desde 2017. Já Cabo Verde retorna ao cenário continental pela primeira vez desde 2015, também para a terceira participação. Os outros 19 garantidos são: Camarões, Senegal, Argélia, Mali, Tunísia, Burkina Faso, Guiné, Comores, Gabão, Gâmbia, Egito, Gana, Guiné Equatorial, Zimbábue, Costa do Marfim, Marrocos, Nigéria, Malaui e Sudão.
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