MaisQueUmJogo - MQJ
·27 de março de 2024
MaisQueUmJogo - MQJ
·27 de março de 2024
O zagueiro, Juan Jesus, soltou nota oficial para discordar da decisão do tribunal desportivo da Itália. A justiça inocentou Francesco Acerbi, em suposto caso de racismo por parte do italiano, contra o brasileiro. Na última terça-feira (26), o processo terminou sem punições.
Depois do acontecido, na partida entre Napoli e Inter de Milão, o zagueiro italiano ficou sob investigação e chegou a deixar a seleção italiana. Em menos de uma semana, o caso teve resolução e nenhuma punição acontecerá.
Decerto, o zagueiro teria chamado Juan Jesus de “macaco”, em partida entre Inter de Milão e Napoli. No momento do lance, o brasileiro reclamou com o árbitro da partida e apontou as falas do italiano.
Juan Jesus solta nota oficial contra racismo sofrido na Itália (Photo by Isabella BONOTTO / AFP) (Photo by ISABELLA BONOTTO/AFP via Getty Images)
– Li várias vezes e com grande decepção a decisão do juiz desportivo, que considerou não haver provas de que fui vítima de um insulto racista durante o jogo entre Inter e Nápoles, no dia 17 de março. Apesar de respeitar a decisão, é uma decisão que tenho dificuldade em compreender e que me deixa muito amargurada.
Sinceramente, estou desanimado com um incidente tão grave em que o meu único erro foi ter lidado com o assunto ‘como um cavalheiro’, decidindo não interromper um jogo importante, com todos os transtornos que teriam causado aos espectadores que assistiam ao jogo. Fiz isso acreditando que tal atitude teria sido respeitada e talvez tomada como exemplo.
Após esta decisão, imagino que qualquer pessoa que se encontre numa situação semelhante à minha agirá de forma muito diferente. A fim de se proteger e de conter a desgraça do racismo, do qual, infelizmente, estamos lutando para nos livrar.
– Não me sinto de forma alguma protegido por uma decisão que ao mesmo tempo admite que “houve certamente provas do insulto” e sustenta não haver certeza de que tenha sido de natureza discriminatória, o que só eu percebi “de boa fé”. Eu realmente não entendo como “vai embora negro, você é só um negro” pode ser considerado certamente ofensivo, mas não discriminatório.
Não compreendo toda a comoção daquela noite se foi mesmo “apenas um insulto”, pelo qual o próprio Acerbi sentiu necessidade de pedir desculpa. O árbitro decidiu avisar o VAR, o jogo foi suspenso por mais de um minuto e os seus companheiros correu para falar comigo.
Não consigo entender por que Acerbi só começou a mudar sua versão dos acontecimentos no dia seguinte, ainda na seleção, em vez de negar logo após a partida, quando realmente aconteceu.
Eu não esperava que terminasse assim. Receio – e espero estar errado – que isto possa abrir um precedente sério para justificar determinado comportamento após o acontecimento. Espero sinceramente que este (para mim) triste assunto possa ajudar o mundo do futebol a refletir sobre um assunto que é ao mesmo tempo sério e urgente.