Lendas da Ligue 1 – Sonny Anderson: Idolatria no Lyon | OneFootball

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·20 de julho de 2020

Lendas da Ligue 1 – Sonny Anderson: Idolatria no Lyon

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Quando Sonny Anderson desembarcou no Stade Gerland para vestir a camisa do Lyon, o desafio proposto pelo presidente Jean-Michel Aulas era bem claro: elevar o patamar do clube para os anos seguintes. Diante de um atacante que havia empilhado gols por Olympique de Marseille e Monaco, não foi de se surpreender ver que o resultado foi até além do esperado.

Confira abaixo a terceira e última parte do quadro ‘Lendas da Ligue 1 – Sonny Anderson’:


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Hora da subida

Em 1999, aos 28 anos de idade, Sonny Anderson era anunciado como novo reforço do Lyon. O clube presidido por Jean-Michel Aulas investiu 18 milhões de euros, transferência recorde na época. O objetivo era claro: dar um salto de patamar. Aulas, quando assumiu a presidência do OL ainda na 2ª divisão, tenha esse objetivo. E isso vinha acontecendo.

Após terminar em 11º na temporada 1995/96, o desempenho foi melhorando: 8º em 1997, 6º no ano seguinte e depois em 3º. A melhora era nítida e a chegada de Anderson tinha como objetivo firmar de vez o pé entre os principais times do país.

Apesar do começo ruim de temporada, com uma derrota em casa, por 2 a 1, para o Montpellier, e uma inesperada eliminação para o Maribor na Liga dos Campeões, o Lyon, na época dirigido por Bernard Lacombe, cresceu a partir da 2ª rodada e emendou sete partidas invicto. Anderson deu sua relevante contribuição com quatro gols, incluindo dois contra o atual campeão Bordeaux, na vitória por 3 a 1 em pleno Parc Lescure.

O que se viu até o fim de 1999 foi simplesmente uma confirmação do que todos esperavam do brasileiro. Sonny Anderson passou a empilhar gols atrás de gols e virou o ano com 14 – nove deles entre novembro e dezembro. Entretanto, se o atacante voava, o Lyon não conseguia seguir na mesma toada. Acumulou tropeços bobos, como as derrotas para Bastia e Troyes – 3 a 0 e 3 a 1 -, equipes que tentavam fugir das últimas colocações.

Para piorar, veio novo trauma continental. Não bastasse a eliminação vexatória para o Maribor na fase preliminar da Liga dos Campeões, o OL conseguiu fazer mais feio na 3ª fase da antiga Copa da Uefa. Fez 3 a 0 no alemão Werder Bremen no Gerland, com dois gols de Sonny Anderson, e conseguiu ser despachado do torneio na volta, perdendo por 4 a 0 no Weserstadion.

Em solo francês, a irregularidade custava caro. O time de Bernard Lacombe até estava bem colocado, era o 2º, mas a distância para o líder Monaco chegava na casa dos cinco pontos. Com apenas 25 gols marcados, a mensagem era clara: se vira, Anderson! E ele, de certa forma, cumpriu seu papel. Guardou mais dez gols na segunda parte da temporada, terminou com 24, no topo da lista de artilheiros. Formando um trio interessante com Tony Vairelles e Vikash Dhorasoo, não conseguiu dar a taça para o OL, mas recolocou o time na Liga dos Campeões, terminando na 3ª colocação.

A primeira taça

Em 2000/01, a história escrita pelo Lyon foi muito semelhante a anterior. O time, agora dirigido por Jacques Santini, teve bom desempenho, luta nas cabeças, com Anderson sendo a referência em gols, mas falhando na ‘Hora H’. Mesmo com um 2º turno praticamente impecável, perdendo apenas um jogo na 21ª rodada, para o Troyes, o OL pagou o preço de uma primeira parte de Campeonato Francês muito irregular e precisou se contentar com o 2º lugar, atrás do Nantes, que ergueu a taça com uma rodada de antecedência.

Apesar de ficar mais uma vez chupando dedo no Campeonato, foi na Copa da Liga que Sonny Anderson pode erguer sua primeira taça pelo Lyon – segunda em solo francês. Despachando Sedan, Lens, Amiens e Nantes, os comandados de Santini chegaram até a decisão no Stade de France para bater de frente com o Monaco, de Ludovic Giuly e Rafa Márquez.

Nervoso pela pressão do momento e diante de um adversário experimentado, que tinha base do time campeão francês da temporada anterior, o Lyon teve começo de jogo errático, mas conseguiu sair na frente num lance atípico. Aos 35 minutos, Cláudio Caçapa arrancou ao ataque, tabelou com Steve Marlet e saiu na frente de Stéphane Porato. O zagueiro brasileiro, pouco afeito a marcar gols, encobriu o goleiro com o biquinho da chuteira e tocou de cabeça para as redes.

A vantagem, porém, durou até os 19 minutos da etapa final. Shabani Nonda, num chute forte de pé direito, venceu Grégory Coupet e fez o último gol do tempo regulamentar.

Na prorrogação, Sonny Anderson, que teve aparição discreta ao longo da partida, tratou de decidir a dois minutos para o fim do jogo. O capitão do OL pegou a bola na esquerda, perto da entrada da área, e arrancou em velocidade, deixando Julien Rodriguez atirado no chão. De cabeça erguida e rente a linha de fundo, o camisa 9 tocou a bola para trás, onde chegava o zagueiro Patrick Müller. O suíço se atirou em direção da bola, marcou o gol do título e foi o improvável herói do primeiro troféu erguido por Anderson com a camisa dos Gones.

O início da dinastia

No ano em que Ronaldinho se juntava ao Paris Saint-Germain, era Sonny Anderson quem continuava como o principal jogador brasileiro do futebol francês na temporada 2001/02. Apesar do ritmo de gols menos prolífico do que nos anos anteriores – prejudicado por uma lesão que o tirou de várias partidas nas primeiras rodadas -, o camisa 9 do Lyon continua sendo titular e decisivo no time de Jacques Santini.

Desta vez, Anderson estava muito melhor servido. O elenco, que já era forte com Coupet, Caçapa, Edmilson e Marlet, agora estava abastecido também por Juninho Pernambucano, em sua primeira experiência europeia; Peguy Luyindula, revelação do Strasbourg; além de Eric Carrière, eleito melhor jogador da liga no ano anterior pelo Nantes. Mesmo sofrendo com lesões, o brasileiro já não era mais um cavaleiro solitário. Com apenas três gols em nove jogos, Anderson viu o OL virar o turno na vice-liderança com 33 pontos, cinco atrás do líder Lens.

A virada de ano, porém, fez bem ao brasileiro, que chegou a 2002 voando e voltou ao ritmo do qual estávamos acostumados. Nos 14 jogos disputados às vésperas da Copa do Mundo do Japão e da Coreia do Sul, foram 11 gols. Anderson foi peça fundamental na arrancada que viria dali em diante.

A partida que selou esse novo momento foi na 22ª rodada, uma goleada por 4 a 0 sobre o Olympique de Marseille, no Stade Gerland. Anderson fez dois gols e serviu Pierre Laigle em um dos tentos da partida. O segundo gol do brasileiro, aliás, foi num belo chute colocado de pé esquerdo, sem chances para o goleiro Vedran Runje.

Dali até o começo de abril, mês final da temporada, Anderson iria às redes mais sete vezes em nove jogos. Sempre que marcou, o Lyon pontuou. Desta forma, Anderson e companhia foram, de ponto em ponto, retirando a vantagem do Lens, que chegou a ser de oito pontos. Quando o Campeonato Francês ingressou em abril, faltavam quatro rodadas e quatro pontos separavam os dois times, que se enfrentariam na partida final.

Até a rodada derradeira, o OL bateu Auxerre e Bordeaux – Anderson fez o gol decisivo – e ficou no 0 a 0 com o Montpellier. Os Sangue e Ouro, na contramão, empataram com Troyes, perderam pro Bastia e venceram o Guingamp. Isso deixou o cenário totalmente aberto para a última partida. O Lens liderava com um ponto de vantagem. O Lyon, jogando em casa, precisava de uma simples vitória para erguer a taça do Campeonato pela primeira vez em sua história.

Disposto a ficar com o troféu e deixar a sina de vice para trás, Anderson e companhia partiram pra cima com tudo e, em 15 minutos, venciam por 2 a 0, com gols de Sidney Govou e Philippe Violeau. Jacek Bak descontou aos 27, mas a reação lensois parou quando Pierre Laigle, aos 6 do 2º tempo, fez o gol que fechou o placar em 3 a 1 e deu ao Lyon seu primeiro título francês.

Na temporada seguinte, já sob a direção de Paul Le Guen, o Lyon repetiu a dose, mas sem o mesmo sufoco. O troféu veio na penúltima rodada, após um empate por 1 a 1 com o Montpellier. Isso permitiu, por exemplo, que Anderson se despedisse do clube com uma derrota em casa por 4 a 1 para o Guingamp, de Drogba e Malouda, que marcaram dois gols cada. O brasileiro, aliás, nem foi o artilheiro máximo do OL. Com 12 gols, ficou um abaixo de Juninho.

Nada disso impediu que Anderson tivesse seu último grande ato. Na 36ª rodada, quando a briga pela taça ainda estava em aberto, com o Marseille dois pontos atrás, o Lyon venceu o PSG por 1 a 0 e o camisa 9 fez o gol solitário da partida. O chute forte e flutuante do meio da rua virou um lance marcante para a carreira do brasileiro na França, que naquela ocasião fez seu último gol pelos Gones.

Ao término daquela temporada, Sonny Anderson migrou para a Espanha, onde vestiu a camisa do Villarreal entre 2003 e 2005. No meio de 2006, pendurou as chuteiras após uma aventura no futebol do Catar. Nas costas, uma carreira e tanto, com três taças do Campeonato Francês, uma da Copa da Liga, além de ter sido artilheiro máximo do torneio em três temporadas. Uma verdadeira Lenda da Ligue 1.

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