Trétis
·24 de novembro de 2024
Trétis
·24 de novembro de 2024
É impossível dizer que não há repertório, que não há padrão, que não há ideia de jogo com Lucho González. O que é, sim, possível de constatar, é que o este Athletico decide por não aproveitar do potencial que tem. Mais uma vez o excessivo bloco baixo apareceu e, cansado, o Furacão tomou mais um nos acréscimos no empate em 1 a 1 contra o Bahia.
A Trétis explica o que aconteceu e o que motivou o empate fora de casa, confira:
Início de jogo tem como regra o Athletico em bloco baixo com o Bahia dominante na posse de bola (70%). Time de Rogério Ceni construía com Kanu, Gabriel Xavier e Gilberto na base da jogada e apostava nas espetadas de Ademir e na movimentação de Everton Ribeiro para gerar situações de um contra um para o ponta.
Na defesa o Athletico tinha o 4-3-3 usual de Lucho González. Cuello deixa trio de ataque e passa a compor meio campo com Felipinho e Gabriel quando a bola vai à esquerda – Nikão fecha do outro lado. Quando pressionava, time utilizava um 4-2-4, para não deixar acontecer superioridade numérica na construção do Bahia.
Bloco baixo do Athletico no início da partida contra o Bahia. Foto: reprodução/TV Globo
Com a bola e quando tentava construir o Athletico também apostava na estrutura do 4-2-4. Laterais bem abertos, zagueiros como opção e volantes para a tentativa de quebra de linha, normalmente feita com o terceiro homem (ligação ao ataque e ajeitada ao meio campo).
Neste lance, Belezi lança para Nikão, que ajeita para Godoy. Com espaço o Athletico consegue sair e gerar boa chance em cruzamento de Esquivel e batida de Nikão.
Athletico tenta construir no 4-2-4. Foto: reprodução/TV Globo
Aos 30 de jogo, vendo que falta de posse acentuou domínio do Bahia e que gerou chances de gol, Lucho pede que Athletico mude de estrutura de construção do 4-2-4 para o 3+1, com três homens na base da jogada e Felipinho como opção, para ganhar campo e amplitude com alas.
Lucho sinaliza 3 + 1. Foto: reprodução/TV Globo
No lance seguinte o pedido do técnico já é cumprido, mas a falta de movimentação não gera opções de passe e lance termina numa virada de Gabriel para Esquivel ao lado esquerdo, que cabeceia e não encontra Pablo.
Athletico constrói com três após pedido de Lucho. Foto: reprodução/TV Globo
Ao final do primeiro tempo, bloco baixo do Athletico se intensifica ainda mais. No último ataque, por exemplo, Pablo chega a acompanhar a movimentação de Caio Alexandre e vai parar na última linha de defesa. Nikão fecha a entrada da área e Cuello é o jogador mais avançado, atrás da linha intermediária. Nesse cenário, é quase impossível criar em transição, objetivo claramente colocado para esse jogo.
“Cuello está tendo vantagem, temos que usar mais ele. Eu e Zapelli temos que aparecer mais, só isso que nos falta.” – Pablo, à TV Globo, ao final da primeira etapa.
Sem ser pressionado, o Bahia se sente confortável para voltar a campo liberando Gilberto pela direita. Tricolor tinha Gabriel Xavier e Kanu com Caio Alexandre na construção, dois alas espetados (Gilberto e Juba) e três jogadores de movimentação no meio – Everton Ribeiro mais à direita, Cauly mais centralizado e Jean Lucas mais à esquerda, com Lucho Rodriguez na referência.
Bahia liberta laterais ao ataque e tenta sobrecarregar defesa do Athletico. Foto: reprodução/TV Globo
Maior número de jogadores na fase ofensiva não causa situações de um contra um naturalmente pois o Athletico marcava com 11. Mesmo assim, ataques constantes ao espaço e amplitude dos pontas tentavam envolver Zapelli e Nikão na fase defensiva e explorar essa vantagem.
Bloco baixo tão extremo e constante não só expõe cada vez mais o time na medida em que o tempo passa, quanto também desgasta fisicamente. Numa das únicas chances de encontrar um contra ataque, Nikão tinha claro o passe para Cuello ao lado esquerdo, mas decidiiu desacelerar e manter a posse.
Nikão perde janela de passe. Foto: reprodução/TV Globo
Na sequência da jogada, uma das únicas que o Athletico teve a bola, dá pra notar movimentações. Nikão afunila, vai da direita para o meio. Isso abre corredor para a espetada de Godoy, que ataca o espaço e é lançado para formar linha com cinco jogadores no ataque. Esquivel volta para compor trio (note posicionamento corporal para retornar à defesa).
Na segunda oportunidade em que o Athletico teve a posse da bola no segundo tempo, muito boa jogada armada. Belezi encontra quebra de linha e coloca Gabriel em condição de pensar o jogo. Passe para o lado encontra Felipinho, que também teve espaço e lançou Cuello ao lado esquerdo.
Belezi quebra linha em jogada do gol do Athletico. Foto: reprodução/TV Globo
Cuello, na individualidade, passa pela marcação e tem três companheiros dentro da grande área: Emersonn na primeira trave, Christian na segunda e Nikão, canhoto, para passe para trás. Lance acontece e camisa 11 bate bem na bola para marcar.
Após o gol, Rogério Ceni volta a estrutura utilizada na maior parte da temporada do Bahia, com Luciano Juba contribuindo na construção, como zagueiro pela esquerda. Jean Lucas e Caio Alexandre eram os meias de ligação que tinha linha de cinco mais à frente, da direita para a esquerda: Ademir, Everton Ribeiro, Lucho Rodriguez, Everaldo e Biel.
Bahia opta pelo 3-2-5 após o gol. Foto: reprodução/TV Globo
Para se adaptar a cenário, Lucho González colocou Fernando em campo e decidiu tirar Nikão. Com isso, arma linha de cinco na defesa com dupla Esquivel e Fernando pela esquerda, para inibir as espetadas de Ademir. O Athletico passa a se defender no 5-3-2, com Cuello e Emersonn para a tentativa de transições.
Funcionou, até não funcionar mais. Quanto mais se atua em bloco baixo, quanto mais se convida o adversário ao ataque, maior a chance de sofrer gol. Em erro individual de Gamarra, o Athletico sofreu aos 47 minutos da segunda etapa.
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