FNV Sports
·29 de junho de 2020
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O Flamengo tem uma série de ídolos na sua história de 124 anos. Contudo, um dos mais marcantes trata-se do Maestro Junior, que atuou anos na lateral-esquerda e no meio-campo do time. Nesse sentido, o ídolo da Nação Rubro-Negra, como também é conhecido, completa 66 anos nesta segunda-feira (29).
Leovegildo Lins da Gama Junior é o jogador que mais atuou com a camisa do Flamengo e um dos que mais ganhou títulos também. Por isso, o seu aniversário não poderia passar em branco, e a Coluna Parabéns ao Craque fez questão de relembrar as conquistas do jogador, além de frisar que ele ainda permanece nos corações de todos os torcedores.
Nascido em João Pessoa, na Paraíba, Junior desembarcou na cidade Rio de Janeiro ainda criança, criando o hábito de jogar futebol na orla carioca. Foi assistindo a uma dessas peladas que o então técnico da base do Flamengo, Modesto Bria, o convidou para fazer testes entre os jovens rubro-negros.
Contudo, em apenas um ano nas categorias de base, teve sua primeira oportunidade entre os profissionais. Atuando como lateral-direito, estreou em 1974 e foi um dos desataques do time no Carioca daquele ano. Dois anos após sua profissionalização, uma mudança definitiva marcaria sua carreira.
Nesse sentido, o treinador Cláudio Coutinho improvisou Junior na lateral-esquerda e nesta posição ele se mostrou um jogador muito mais útil ao time. Ambidestro e com uma técnica diferenciada, ele chegou a atuar ainda como meio-campista.
No Torino, chegou para a temporada de 1984/1985 para ser o craque do time em busca de resgatar os momentos áureos da década de 1940, quando o clube conquistou quatro títulos italianos, antes do desastre aéreo de 1949, em que 31 pessoas morreram, quase todo o plantel da equipe de Turim.
Com a camisa 5 foi eleito o melhor jogador do campeonato numa época em que brilhavam astros como Maradona, Platini, Rummenigge, Falcão e Zico. O time por pouco não faturou o scudetto. Dessa forma, terminou a temporada em 2° lugar, a quatro pontos do campeão, o Verona, que tinha como destaques o alemão Briegel, o dinamarquês Elkjaer e o italiano Di Gennaro. Nas 30 partidas, o time obteve 14 vitórias, 11 empates e apenas cinco derrotas.
O primeiro ano de Junior na Itália, apesar da idolatria da torcida do time de Turim, teve também algumas turbulências sérias. Ele sofreu racismo em duas oportunidades. O primeiro caso aconteceu em um duelo contra o Milan, onde foi insultado durante toda a partida no San Siro, sendo ainda alvo de mais xingamentos e cusparadas quando saía do estádio ao lado de seus parentes.
Na outra ocasião, sofreu com torcedores da Juventus, que levaram ao dérbi faixas ofensivas ao jogador, mencionando principalmente a cor de sua pele. Como resposta, a torcida do Torino levou cartazes de apoio, com os dizeres “Melhor negro do que juventino“.
Preconceitos à parte, Junior manteve seu futebol de alto nível em seu segundo ano na Itália, sendo a principal peça de um Torino que chegou ao quarto lugar da Serie A. Todavia, a idade chegava. Logo depois da participação na Copa do Mundo de 1986 – na qual Telê, novamente treinador, levou ao México a geração de 1982 envelhecida e com alguns reforços – o brasileiro voltou ao Belpaese para fazer aquela que seria sua última temporada pelos granata -.
A queda de rendimento do jogador, já com 32 anos, e desentendimentos com o técnico Radice – a quem Júnior chamou de egoísta, por não reconhecer erros – foram essenciais para que ele não fosse mais utilizado com frequência em um Torino que terminou o campeonato daquele ano em uma modesta 10ª colocação. Porém, Junior continuou na Itália. Saiu do clube para se apresentar ao Pescara, equipe que, sob o comando do histórico técnico Giovanni Galeone, havia acabado de subir para a Serie A.
Os golfinhos do Abruzzo viam no jogador brasileiro a peça ideal para dar experiência necessária a um time que teria que lutar muito para se manter na primeira divisão. Gian Piero Gasperini, ex-técnico do Genoa e que, à época, era capitão do Pescara, cedeu-lhe a faixa, por conta do grande carisma do brasileiro. Junior mantinha também um programa na TV local chamado “Brasi… Leo”, onde falava de futebol, mas também de música, uma de suas grandes paixões.
Contudo, atuando ainda como meio-campo mas sem contar com a velocidade que lhe era característica, livrou os Azzurri do rebaixamento apenas nas últimas rodadas. Portanto, permaneceu no clube por mais uma temporada. Nesse sentido, Junior foi eleito o segundo melhor estrangeiro da Serie A, ficando à frente de nomes como Careca, Gullit, Rijkaard, van Basten e Maradona, perdendo apenas para Matthäus, que levou a Inter a um scudetto cheio de recordes.
Recordista de jogos com a camisa rubro-negra com 876 partidas, Junior e Flamengo se confundem no imaginário do torcedor. Surgiu no clube nos anos 1970 e se tornou mito ao lado do amigo Zico ao conquistar títulos importantes como o Mundial Interclubes (1981), a Libertadores (1981) e quatro Campeonatos Brasileiros (1980, 1982, 1983 e 1992). O último, em 92, aos 38 anos, foi marcante ao bater o rival Botafogo.
Além de jogar e encantar a torcida, não somente os Rubros-Negros, mas todos os amantes do futebol. Maestro Junior também teve a oportunidade de ser treinador do Flamengo. Nesse sentido, a primeira foi entre 1993 e 1994. E a segunda em 1997, para substituir Joel Santana.
Em suma, ao melhor estilo Zeca Pagodinho, deixando a vida o levar, Junior toca a vida de forma leve. Apaixonado por roda de samba, craque de chinelo de dedo, pele rubro negra e autor de um futebol marcante, o maestro é aquele tipo de ídolo que pode passar anos, mas estará para sempre gravado nos corações daqueles que conhecem e amam sua grandeza, dentro e fora de campo.
Foto Destaque: Divulgação/Flamengo