Calciopédia
·05 de dezembro de 2024
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·05 de dezembro de 2024
As oitavas de final da Coppa Italia começaram nesta semana e foram marcadas por goleadas de Milan e Bologna, pelo triunfo do Empoli no clássico toscano com a Fiorentina, em jogo que ocorreu dias após a parada cardíaca que fez o meia Bove, da Viola, parar no hospital, e também por um duelo precoce entre Lazio e Napoli, candidatos ao título e, respectivamente, a vice-campeã da Serie A e o dono do scudetto de duas temporadas atrás. Os quatro outros duelos desta fase ocorrem daqui a duas semanas.
Nesta primeira leva de duelos das oitavas, a Lazio avançou com alguma facilidade sobre um Napoli desinteressado na competição. Milan e Bologna, ao contrário, se mostraram ligados na Coppa Italia, que pode servir como tábua de salvação para uma temporada que não é das mais positivas em outros âmbitos. O Empoli, por sua vez, vai se confirmando como uma das boas surpresas de 2024-25 na Itália. Além de uma campanha que está além das expectativas na Serie A, superou a rival e chegou às quartas do torneio pela terceira vez em sua história – a última delas havia sido há cerca de 37 anos. Confira, a seguir, como foram as partidas desta semana.
Calma, não interprete de forma equivocada: Noslin está celebrando os três gols marcados sobre o Napoli (Getty)
Em 2023, a Lazio foi vice-campeã da Serie A e o Napoli ficou com o scudetto. Tais êxitos recentes funcionam como um retrato bem nítido de quão acostumados esses times estão com boas campanhas no Italiano. O que significa, via de regra, evitar duelos complicados de forma precoce na Coppa Italia. Afinal, os sete primeiros colocados no certame de pontos corridos e o campeão do mata-mata, que geralmente está entre os oito melhores da elite, são cabeças de chave nas oitavas. Os azzurri, contudo, ficaram apenas na 10ª posição em 2023-24 e bagunçaram o sorteio da atual temporada.
No senso comum, o Napoli seria considerado um adversário a ser evitado nas oitavas. Porém, Antonio Conte deixou bastante evidente que considera a Coppa Italia apenas uma distração e um obstáculo para o verdadeiro objetivo da temporada: a conquista do scudetto. Para o técnico, já havia sido um fardo ter que passar pelas fases preliminares da competição e pelos duelos com Modena (0 a 0 no tempo normal e classificação nos pênaltis) e Palermo (5 a 0).
Sem pudor, Conte decidiu encarar a Lazio com um time extremamente alternativo. O Napoli foi a campo com nomes como Folorunsho, Rafa Marín e Juan Jesus, que têm jogado pouquíssimo, e até com o ponta Zerbin – outro que não costuma sair do banco – improvisado como lateral-direito. Do outro lado, Marco Baroni optou por uma equipe mista, com atletas como Hysaj, que nem foi inscrito na Serie A. Porém, também escalou titulares, como Rovella e Zaccagni.
Logo aos 20 minutos, Hysaj mostrou que não tem sentido falta de ritmo de jogo – aliás, o ex-jogador do Napoli seria um dos melhores em campo. O albanês deu bela enfiada para Pedro cortar as costas da defesa e ser derrubado por Caprile dentro da área. Zaccagni bateu mal, a meia altura, e facilitou a redenção do arqueiro, que espalmou a penalidade para escanteio.
Aos 31, a pressão da Lazio deu resultado. Tchaouna bateu escanteio bem aberto na área, Gigot cabeceou em direção ao costado da defesa adversária e encontrou Noslin, que escorou para as redes. Porém, a vantagem celeste durou pouco. Na casa dos 36 minutos, David Neres deu o bote em Tchaouna no meio-campo e bateu cruzado, para uma espalmada esquisita de Mandas. No rebote, de carrinho, Simeone se antecipou a Patric e empatou para o Napoli.
Só que o empate também não durou muito tempo. Aos 41 minutos, o Napoli errou numa saída de bola pela direita, Hysaj retomou a posse para a Lazio e, após cruzamento de Zaccagni e ajeitada de letra de Pedro, Noslin cortou Spinazzola com categoria para, de frente para o crime, anotar sua doppietta. Apesar de ter recuperado a vantagem, a equipe romana vacilaria duas vezes na sequência e daria sustos em sua torcida. Rovella, que já tinha falhado feio na cabeça da área na derrota por 3 a 1 para o Parma, pela última rodada da Serie A, repetiu a dose ante Folorunsho e precisou se recuperar para desarmar o adversário; depois, Simeone recebeu livre na área e Mandas efetuou uma grande defesa com a perna, evitando mais um do argentino.
A Lazio voltou para o segundo tempo mais ligada e logo ampliou. Aos 50 minutos, Zaccagni gingou para cima de Zerbin e cruzou aberto para Noslin, que contou com a movimentação equivocada de Spinazzola para cabecear para as redes e anotar a sua tripletta. Seria uma das últimas ocasiões dignas de nota de toda a partida. A rigor, só mesmo um chute forte e cruzado de Lazzari, bem espalmado por Caprile, na casa dos 58, e outro arremate em diagonal de Isaksen, aos 82, mereceram atenção.
Napoli e Lazio se enfrentam novamente pela Serie A no fim de semana, no estádio Diego Armando Maradona, e a expectativa é de um jogo bem diferente do que tivemos na Coppa Italia – apesar de os partenopei não terem apresentado melhoras nem mesmo após as entradas de importantes titulares, como McTominay e Lukaku. Na próxima etapa do torneio de mata-mata, que acontecerá somente em fevereiro de 2025, a equipe da Cidade Eterna deve ter mais uma adversária complicada, ao menos no papel: os biancocelesti enfrentam Inter ou Udinese.
A vitória do Milan sobre o Sassuolo foi tão humilhante que até o contestado capitão Calabria encontrou as redes (Getty)
Não foi um jogo, foi um massacre: com apenas 23 minutos de partida, o Milan já derrotava o Sassuolo por 4 a 0 e entrava em clima de banho-maria, numa clara representação da falta de interesse que a Coppa Italia desperta em alguns times. Liderando a Serie B, com 34 pontos, os neroverdi abdicaram totalmente da competição de mata-mata para focar exclusivamente na busca pelo retorno à elite. A escalação de um time repleto de reservas foi um modo mais elegante de não ser derrotado por WO.
O Milan já havia feito o goleiro Satalino trabalhar antes dos 12 minutos, quando abriu o placar. O primeiro gol começou a ser construído com um lançamento primoroso de Reijnders, que vem em ótimo momento: Chukwueze dominou, finalizou na trave e, no rebote, anotou. Aos 17, o próprio holandês aproveitou um corte mal feito pela defesa do Sassuolo e estufou a rede com um petardo de fora da área. No terceiro, o camisa 14 rossonero efetuou a pressão alta, os visitantes erraram na saída de bola e, após pivô de Abraham, Chukwueze anotou sua doppietta. O quarto, aos 23, foi de Rafael Leão, que recebeu assistência de Loftus-Cheek nas costas da zaga e encheu o pé.
Partida fechada, então. O Milan desacelerou com a ótima vantagem e Fabio Grosso, técnico do Sassuolo, usou o resto da partida como um treino para os muitos reservas que mandara a campo – Berardi nem saiu do banco, por exemplo. Do outro lado, Paulo Fonseca fez quatro alterações no intervalo, rodando ainda mais o seu time. Até mesmo o goleiro reserva Sportiello ele sacou, para dar alguns minutos ao garoto Torriani.
O Milan, que já havia produzido mais boas chances de ampliar antes do descanso, o fez aos 56 minutos, quando Pulisic levantou bola na área e acertou a trave; no rebote, o contestado capitão Calabria mandou para a rede. O Sassuolo diminuiu em seguida, depois que Antiste – que tivera gol anulado por impedimento, ainda no primeiro tempo – fez boa jogada e cruzou rasteiro para Mulattieri, formado pela Inter, bater firme e contar com um erro e Torriani para marcar. O tento não mudou o roteiro do jogo e, aos 61, um grande passe de Reijnders iniciaria o lance que fechou a conta para os rossoneri. Okafor aproveitou e deixou Abraham na boa para deixar o dele. Na próxima fase, o Diavolo encara o vencedor do duelo entre Roma e Sampdoria.
Personagem da classificação do Empoli, com gol no tempo normal e pênalti desperdiçado, Ekong homenageou Bove (Getty)
A semana não foi nada boa para a Fiorentina. No domingo, a chocante situação envolvendo o meia Bove causou um grande desgaste mental aos gigliati, embora o camisa 4 já esteja fora de perigo após a parada cardíaca que assustou o mundo do futebol. Se preparar para um clássico nesse cenário certamente não é fácil e Raffaele Palladino, técnico da Viola, não teve meias palavras ao afirmar que os seus jogadores não estavam totalmente focados para a partida desta quarta, que resultou na eliminação de sua equipe. Obviamente, o treinador não falou em tom de reprimenda, mas apenas foi taxativo e lamentou a desclassificação.
Logo aos 4 minutos, a Fiorentina deixou evidente que estava com a cabeça em outro lugar. O capitão Martínez Quarta ficou com uma sobra de bola na entrada da área e foi facilmente desarmado por Henderson. A pelota espirrou no escocês, pegou Dodô desprevenido e deixou Ekong com a faca e o queijo na mão para apenas deslocar Terracciano e abrir o placar. O nigeriano nascido na Itália e com passaporte sueco não comemorou efusivamente: ao contrário, fez um 4 com os dedos, em alusão a Bove, homenageando o adversário.
A Fiorentina demorou muito a entrar no jogo – no primeiro tempo, por exemplo, criou pouco e a única chance que teve foi uma cabeçada de Kean no travessão. Na segunda etapa, o ensaboado Sottil acordou e, aos 58, um cruzamento rasteiro e em diagonal, de sua autoria, foi desviado por Beltrán e exigiu de Seghetti uma grande defesa. No minuto seguinte, o ponta italiano tabelou com Richardson, bateu para o gol e, no rebote do arqueiro, Kean deixou tudo igual.
A Fiorentina conseguiria a virada novamente com Sottil, aos 70 minutos. O ponta carregou para a diagonal, chutou colocado e ainda contou com um desvio no companheiro Gosens para fazer o segundo. A Viola, contudo, não foi capaz de administrar a vantagem e sofreu o empate aos 74, depois que Cataldi perdeu a bola no meio-campo. Henderson recuperou a posse e logo descolou uma enfiada para Esposito dar uma cavadinha e dar números finais ao clássico toscano. Até o apito final, os mandantes ainda tentaram fazer o terceiro, mas Seghetti efetuou uma defesa fenomenal, em cima da linha, numa potente cabeçada de Kean.
Com o empate no Artemio Franchi, a decisão do clássico e da vaga nas quartas foi para os pênaltis. Ekong e Kean, que tinham feito boas partidas, desperdiçaram suas cobranças com finalizações pavorosas. Ranieri, da Fiorentina, também errou a sua. Coube a Esposito, na última das penalidades, dar a vaga ao Empoli e deixar a torcida gigliata decepcionada. Na próxima fase, os azzurri enfrentarão o vencedor do duelo entre Juventus e Cagliari.
Os argentinos brilharam pelo Bologna: Domínguez marcou o seu primeiro pelo time, enquanto Castro anotou um e forneceu três assistências (Getty)
Se o Milan atropelou o time reserva do Sassuolo, o Bologna fez o mesmo com o mistão do Monza. Priorizando a busca pela permanência na elite, os biancorossi tiveram um onze inicial com muitos reservas, especialmente do meio para frente, e não viram a cor da bola. Numa noite de espetáculo do argentino Castro, que anotou um gol e forneceu três assistências, os mandantes só não fizeram mais porque Iling-Junior estava descalibrado. Classificados com louvor, os rossoblù encaram Atalanta ou Cesena nas quartas de final.
Logo aos 4 minutos, Castro mostrou que estava a fim de jogo e testou Pizzignaco com um chute rasteiro de fora da área. Já na casa dos 9, foi a vez de Iling-Junior antecipar o quão azarado estava: roubou a bola no meio-campo, avançou e, ao invés de rolar para Ferguson ou Orsolini num lance de três contra um dentro da área rival, espirrou o taco na hora de finalizar e mandou longe da meta biancorossa.
O Bologna abriria o placar aos 32 minutos, quando Orsolini encontrou Castro na meia-lua e o argentino rolou para Pobega encher o pé, acertar o ângulo e não dar chances a Pizzignaco. Em seguida, o centroavante portenho puxou um contra-ataque e dessa vez fez o serviço de garçom para Orso, que cavou sobre o arqueiro e encaminhou o triunfo dos mandantes.
O domínio dos emilianos continuou na etapa complementar e o terceiro gol saiu naturalmente, aos 62 minutos. Iling-Junior recebeu com liberdade pela esquerda e cruzou rasteiro para o desvio de Castro e a conclusão de Domínguez, que apareceu no segundo pau para marcar o seu primeiro pelo Bologna. De joelhos, a desatenta defesa do Monza só ficou olhando os argentinos trocarem passes novamente aos 76 e o camisa 9 fechar a conta. No finalzinho, Iling-Junior ainda arriscou e Pizzignaco e a trave evitaram que o quinto tento saísse.
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