Esporte News Mundo
·01 de dezembro de 2024
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·01 de dezembro de 2024
O Atlético-MG começa a se preparar para a temporada 2025 após um trágico fim de campanha com dois vice-campeonatos. A derrota para o Botafogo na final da Libertadores definiu também a presença mineira no torneio continental do ano seguinte. Com o resultado em Buenos Aires, o Galo ficará de fora da milionária competição da América do Sul.
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O ano do clube, mesmo com três finais e um título, mostrou que o elenco é extremamente defasado. Faltaram peças de reposição para que o Atlético competisse com os adversários, e o meio de tabela no Campeonato Brasileiro, assim como as derrotas nos torneios mata-mata, exemplificam essa ideia. A temporada 2024 foi a primeira do Galo como clube-empresa, na forma de SAF. O balanço é bem negativo, e isso não está somente ligado aos desfechos das copas.
Uma vitória diante do Glorioso serviria como extintor para um incêndio que já está ativo há algum tempo. No entanto, o Botafogo fez com que as chamas do Atlético-MG soltassem ainda mais faíscas. A falta de participação dos então investidores e agora donos do Galo chama a atenção. Depois de entrar apenas como apoiadores financeiros em 2021, injetando o dinheiro que montou o elenco de sucesso naquele ano, os empresários Rubens e Rafael Menin, Renato Salvador, e Ricardo Guimarães transformaram a intuição de futebol em uma Sociedade Anônima, a famosa SAF.
Chamado de “Galo Holding’, o grupo detém cerca de 75% das ações do clube. O maior percentual é de Rubens Menin e Rafael Menin (41,8%) – 20,2% é do Fundo Galo Forte; 6,7% do FIGA e 6,3% de Ricardo Guimarães. As informações são da ESPN Brasil. Desde então, pouco ouviu-se falar do quarteto, não se sabe muito sobre a estrutura e, mesmo com um evento anual de atualizaçao sobre os números do Atlético como empresa, a organização da SAF ainda é um assunto um tanto misterioso.
Entre diversas contratações ruins para suprir saídas e uma constante troca de técnicos incapazes de conquistar bons resultados, os donos tornaram o Atlético-MG um time coadjuvante no dois anos seguintes ao domínio nacional. A atual campanha da 11ª colocação no Campeonato Brasileiro mostra que o planejamento deu errado. O elenco está aquém do nível apresentado pelos grandes concorrentes e isso se dá muito por conta da pouca participação dos donos na montagem do grupo de atletas.
O comandante Gabriel Milito levou o Galo a duas finais, mas falhou contra o Botafogo. Mesmo reorganizando as táticas corretamente e diminuindo o placar logo no início segundo tempo, o argentino abriu mão de duas de suas grandes estrelas e sacou Scarpa e Deyverson para a investir em Bernard e Kardec. Mais uma vez, o atestado de um elenco carente.
Para o ano que vem, o Atlético precisa se reestruturar e repensar a montagem do elenco. Se os donos do clube querem um time competitivo, como foi prometido diversas vezes, muitos atletas que hoje vestem a camisa não podem estar no CT de treinamento em 2025. Se existe alguma óptica positiva na ausência do Galo na próxima Libertadores, é que essa demonstra as precariedades do plantel a quem se recusava a enxergá-las. Além disso, abre espaço para que os administradores se movimentem e voltem a contratar bons jogadores, algo quem tem sido raro nas últimas janelas.
A reconstrução não pode ser apenas analisada a partir da idade. Para que o Atlético consiga brigar por taças nacionais em 2025, os donos precisam ir ao mercado. Antes disso, precisam definir se mantêm o técnico Milito ou não. De qualquer maneira, existe uma análise que é simples. Não importa quem esteja no comando à beira do campo, os resultados alcançados vão depender, em sua grande maioria, da qualidade de material humano recebido pelo homem das pranchetas. Se o nível do elenco estiver semelhante às últimas três temporadas, contando com a primeira metade da atual, o Galo deve passar mais um ano como mero espectador no Brasileirão.
Agora, voltemos os olhos à base. A categoria é outro fator que chama a atenção negativamente. Dos poucos atletas sub-20 que fazem parte do elenco principal, apenas Alisson conseguiu, e de forma bem rasa, se destacar. De resto, é um reflexo do corte de gastos extremo feito em relação aos elencos de jovens e uma categoria que pouco rende frutos ao Atlético. Savinho, atacante que faz sucesso com o Manchester City na Premier League, foi o último cria do Galo. No entanto, foi vendido pelo irrisório valor de 6.5 milhões de euros.
Com isso, passamos a analisar o atual grupo profissional. A idade média do Atlético é um tanto avançada, com onze jogadores que passam dos 30 anos. Muitos desses são reservas e já estão fazendo hora extra. Mariano e Vargas, que tiveram boas atuações na decisão da Libertadores, não entregam um desempenho semelhantes a temporadas anteriores. O ataque precisa de novas peças, já que Kardec, que nunca justificou a contratação, deve acompanhar o chileno e deixar o Galo. Bernard também não responde em campo o investimento que é feito na forma de salário mensal. O meia não é mais aquele jogador que encantou a torcida em 2013, tem uma segunda passagem apagada e não convence interna ou externamente.
Outros nomes podem, e deveriam, estar de saída. No setor defensivo Lemos e Igor Rabello, quando ganham oportunidades de estar em campo, causam fortes emoções à torcida e não deixariam saudades. Bruno Fuchs atingiu o número de partidas prevista na cláusula de empréstimo junto ao CSKA e vai ser contratado de forma definitiva. O Atlético pode procurar algum clube interessado em contar com o zagueiro para arcar com os custos ao clube russo, no entanto, uma venda parece fantasiosa.
No meio-campo Igor Gomes, Otávio e, por fim, Zaracho. O trio alterna bons e maus momentos e uma mudança de ares pode ser a solução. Contratado como meia criativo, o cria do São Paulo tem uma passagem protocolar pelo Atlético. Gomes não tem muito espaço no elenco e tem idade para render caixa. O argentino, por sua vez, batalha contra lesões e, por mais que seja um dos jogadores de maior qualidade técnica, passa mais tempo fora do que dentro de campo.
Um fator curioso sobre a temporada 2025 é que esta estaria condicionada ao resultado da final da Libertadores. Isso significa que a quantidade de dinheiro disponibilizado pelos donos e destinado a contratações para o ano que vem passava, de certa maneira, pelo título na Copa do Brasil mas, principalmente, pelo placar em Buenos Aires. O problema é que, para chegar à final, o Atlético abandonou por completo o Brasileirão. Basicamente, mais um grave erro de planejamento.
A equipe que comanda o Atlético-MG precisa esclarecer para a torcida qual a função que exerce, quais são os objetivos para os próximos anos e o que fará para alcançá-los. Para a SAF ser apoiada pelo público, o Galo precisa ter mais jogadores de alto nível e isso só será possível se o dinheiro for gasto. Pelo que tem sido dito pelo diretor Victor Bagy em coletivas de imprensa, a balha na agulha de 2025 terá “pouca pólvora”. O técnico de 2025, seja Gabriel Milito ou não, precisa de estrutura para ganhar partidas que, com o atual elenco, não tem sido tarefa fácil.