O desatino de Francesco Totti contra a Dinamarca iniciou vexame da Itália na Euro 2004 | OneFootball

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·14 de junho de 2024

O desatino de Francesco Totti contra a Dinamarca iniciou vexame da Itália na Euro 2004

Imagem do artigo:O desatino de Francesco Totti contra a Dinamarca iniciou vexame da Itália na Euro 2004

Francesco Totti, Alessandro Del Piero, Andrea Pirlo, Gennaro Gattuso, Fabio Cannavaro, Gianluigi Buffon… Quando se ouve esses nomes, é impossível não pensar na inesquecível campanha da Itália na Copa do Mundo de 2006, ocasião em que os azzurri foram tetracampeões mundiais. Porém, essas figuras históricas do futebol italiano bateram mais de uma vez no inferno antes de chegarem ao céu. Uma dessas provações aconteceu em 2004, na Euro disputada em Portugal, e começou com um vexame enorme de seu camisa 10, que ficou fora de quase todo um torneio por ter cuspido no rosto de um adversário.

Treinados pelo igualmente lendário Giovanni Trapattoni, o maior vencedor da Serie A, os craques da Itália chegavam ao país lusitano com pinta de favoritos. No elenco convocado pelo treinador, sobrevivente da polêmica eliminação nas oitavas de final da Copa do Mundo de 2002, contra a Coreia do Sul, constavam vários nomes conhecidos, desde a meta até a ponta do ataque. Angelo Peruzzi, da Lazio, e Francesco Toldo, da Inter, se juntavam a Buffon como opções no gol. Mais à frente, Giuseppe Favalli e Massimo Oddo, da Lazio, Marco Materazzi, da Inter, Alessandro Nesta, do Milan, Christian Panucci, da Roma, e Matteo Ferrari, do Parma, além de Cannavaro, que na época defendia a Beneamata, compunham o sistema defensivo.


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Somados a Gattuso e Pirlo, rossoneri citados no primeiro parágrafo, Stefano Fiore, da Lazio, Simone Perrotta, do Chievo, Cristiano Zanetti, da Inter, e Mauro Camoranesi, da Juventus, completavam o meio-campo da Itália. E, junto das outras estrelas já citadas, Antonio Cassano, da Roma, Bernardo Corradi, da Lazio, Marco Di Vaio, da Juventus, e Christian Vieri, da Inter, foram os nomes convocados para o ataque. Talento individual esse elenco tinha até de sobra. Faltou mesmo o coletivo funcionar, ainda que nas mãos daquele que muitos consideram o maior treinador italiano da história.

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O icônico Trapattoni comandou uma Itália cheia de craques na Euro 2004, mas a estreia contra a Dinamarca anteciparia o triste fim da campanha (AFP/Getty)

O primeiro tropeço foi logo na abertura do Grupo D, em Guimarães, contra a Dinamarca de Christian Poulsen, que na época estava no Schalke 04; Martin Jorgensen, da Udinese; e Jon Dahl Tomasson, do Milan – a chave ainda tinha Suécia e Bulgária, que se enfrentaram mais tarde no mesmo dia, em Lisboa. No norte de Portugal, a Itália foi a campo com Buffon no gol, além de Panucci, Nesta, Cannavaro e Zambrotta na linha defensiva. Zanetti e Perrotta eram os dois homens de maior contenção no meio-campo e davam liberdade para Del Piero e Camoranesi, abertos, e Totti, mais à frente. No comando do ataque, Vieri vestia a camisa 9.

Na etapa inicial, os azzurri sofreram bastante para ficar com a bola. Forçando lançamentos longos, viram os adversários serem mais pacientes. Porém, demorou para alguém criar perigo. Totti, em cobrança de falta distante, exigiu a primeira boa intervenção do goleiro Thomas Sorensen, personagem importante do duelo.

O craque da Roma era quem atuava mais perto de Vieri. Del Piero ficou bem espetado no lado esquerdo e Camoranesi, na direita, tinha mais liberdade para circular. Os maiores destaques foram defensivos, com Nesta e Cannavaro cortando diversos cruzamentos. Buffon foi exigido algumas vezes. Na primeira, aos 16 minutos, Niclas Jensen fez excelente jogada individual, mas facilitou para os italianos ao disparar no meio da meta.

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Totti foi um dos jogadores mais ativos da Itália contra a Dinamarca, na bola parada e com a pelota rolando (AFP/Getty)

Tomasson, o camisa 9 dinamarquês, quase completou um cruzamento, em lance de bola parada, fechando na segunda trave. Faltou alcançar a pelota. Além disso, foi amarelado um pouco antes por uma tentativa de simulação, a qual o árbitro Manuel Mejuto González não aprovou nem um pouco.

O momento de maior emoção da primeira etapa veio perto do intervalo. Já próximo dos acréscimos, Panucci cruzou na área e a sobra ficou com Del Piero, que parou em ótima defesa de Sorensen. No rebote, novamente o arqueiro dinamarquês efetuou uma intervenção fantástica, para evitar que o zero saísse do placar.

O jogo, que já não era dos mais agitados, ficou ainda mais morno no segundo tempo. Talvez algumas divididas mais intensas, discussões… mas, bola jogada mesmo, faltou. E a Itália até começou bem, com Totti encontrando Zambrotta em uma ótima ultrapassagem do lateral. A chance desperdiçada, no entanto, abria a perspectiva de um confronto mais aberto. Trapattoni fez mudanças, com as entradas de Gattuso, Fiore e Cassano, que pouco impactaram no desenrolar da partida.

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No final da partida, a conhecida indisciplina de Totti fez com que seu futuro na seleção fosse colocado em xeque (AFP/Getty)

A Dinamarca, por sua vez, teve sua melhor chance depois de 75 minutos de bola rolando. Em ótima jogada pelo lado esquerdo, Brian Priske recebeu dentro da área e exigiu uma excelente defesa de Buffon. No rebote, Dennis Rommedahl chegou sozinho pelo lado direito da área e, no contrapé, Gigi fez outra intervenção fantástica, agora com os pés.

Na reta final do confronto, Totti seria o principal personagem – e não pelo cabelo trançado especialmente para a Euro, mas por péssimos motivos. Depois de tentar duas cobranças de falta diretas sem sucesso, o romanista chegou completamente atrasado em uma disputa de bola no meio-campo e levantou o pé quase na altura do joelho direito de René Henriksen. O lance era mais para um vermelho do que para amarelo, e o árbitro acabou decidindo pela cor mais branda. Porém, não fez diferença. A suspensão viria do mesmo jeito – e ainda pior.

As câmeras de TV flagraram Totti cuspindo na cara de Poulsen – que ainda nem sonhava em vestir a camisa da Juventus e rivalizar com o craque na Serie A. A Associação Dinamarquesa de Futebol entrou com uma reclamação oficial à Uefa e o romano acabou sendo punido por conduta antiesportiva. Após uma audiência de mais de três horas em Lisboa, o jogador nem comentou a decisão que o suspendeu por três jogos. Devido ao gancho, perderia os últimos dois compromissos da fase de grupos e um da fase de mata-mata.

No fim, Totti acabou perdendo a competição inteira porque a Nazionale, órfã de seu camisa 10, sequer avançaria para as quartas de final. Muito criticado pela indisciplina recorrente, o romano chegou a ter seu futuro na seleção questionado e precisou dar a volta por cima posteriormente. O que ocorreu com excelência ao longo dos dois anos seguintes, para a felicidade da Itália.

Dinamarca 0-0 Itália

Dinamarca: Sorensen; Helveg, Laursen, Henriksen, N. Jensen; D. Jensen, Poulsen (Priske); Rommedahl, Tomasson, Jorgensen (Perez); Sand (C. Jensen). Técnico: Morten Olsen. Itália: Buffon; Panucci, Nesta, Cannavaro, Zambrotta; Perrotta, Zanetti (Gattuso); Camoranesi (Fiore), Totti, Del Piero (Cassano); Vieri. Técnico: Giovanni Trapattoni. Árbitro: Manuel Mejuto González (Espanha) Local e data: estádio Rei Dom Afonso Henriques, Guimarães (Portugal), em 14 de junho de 2004

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