O Wuppertaler de 1972/73: um cometa que foi à Europa, mas não deixou rastro na Bundesliga | OneFootball

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Trivela

·13 de junho de 2022

O Wuppertaler de 1972/73: um cometa que foi à Europa, mas não deixou rastro na Bundesliga

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O futebol reúne muitas histórias de clubes pequenos que causam sensação ao virem da segunda divisão para cumprirem campanhas brilhantes na elite, revelando jogadores e treinadores além de pavimentarem um período longevo na categoria máxima do campeonato. Não foi bem esse, no entanto, o caso do pequeno Wuppertaler ao debutar na Bundesliga: embora o quarto lugar fosse desfecho digno de nota (e chegou a ocupar a vice-liderança, atrás do Bayern, por cerca de um mês), quase todo o seu elenco sumiu na poeira tão logo o clube desceu de volta, dois anos depois. E a própria agremiação embicou rumo às divisões mais baixas da liga alemã nas décadas seguintes, transformando seu instante mais glorioso numa página esquecida.

Num futebol como o alemão, que conta com agremiações poliesportivas – as sport-verein – cuja fundação precede até mesmo a criação do futebol tal como o conhecemos (caso, por exemplo, do Bochum, instituído em 1848), a primeira surpresa que salta aos olhos ao se conhecer a história do Wuppertaler é o fato de ele ser um clube relativamente recente: nasceu da fusão entre duas equipes locais em 8 de julho de 1954, apenas quatro dias após a Nationalelf se sagrar campeã mundial pela primeira vez, na Suíça.


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A segunda surpresa é o fato de a própria cidade de Wuppertal ser recente, em vista da habitual antiguidade da maioria das localidades no país e no continente: ela surgiu apenas em 1929, da junção de outras cinco situadas na região da Renânia do Norte-Vestfália: Vohwinkel (de onde vinha o TSG Vohwinkel, um dos clubes que se fundiram), Elberfeld (procedência do SSV Elberfeld, mais tarde SSV Wuppertal), Barmen, Ronsdorf e Cronenberg. Ao norte, está o vale do Ruhr. A oeste, Düsseldorf. E a sudoeste, Colônia.

O novato na liga

Na época em que aconteceu a fusão que deu origem ao Wuppertaler SV, o futebol alemão ainda tinha seu campeonato dividido em uma etapa regionalizada, a Oberliga, com cinco grupos (Norte, Oeste, Sudoeste, Sul e Berlim) e uma fase final reunindo os melhores de cada uma dessas chaves. A segunda divisão, chamada de 2.Oberliga em sua fase regionalizada, era disputada em formato semelhante, com os vencedores dos dois grupos decisivos garantindo o acesso à elite. Abaixo disso vinham as categorias amadoras.

Tanto o TSG Wohwinkel quanto o SSV Wuppertal disputavam o grupo Oeste da 2.Oberliga quando da fusão para a fundação do Wuppertaler SV, de modo que o novo clube herdou a vaga nessa categoria. E, de início, a união fez a força: logo na primeira temporada, os Leões conquistaram o acesso à elite da Oberliga, e nela ficaram por três temporadas, com participações discretas em uma das zonas mais fortes do torneio – os campeões nacionais daqueles três anos saíram dela: Borussia Dortmund (duas vezes) e Schalke 04.

Naquele primeiro período do clube na elite da Oberliga Oeste, o Wuppertaler contava com dois nomes de peso na equipe: um era o médio Horst Szymaniak, que chegaria à seleção da Alemanha Ocidental em 1956 e disputaria a Copa do Mundo de 1958 como atleta do clube – caso único na história dos Leões. Mais tarde, ele seria vendido ao Karlsruhe antes de partir para a Itália, onde atuaria por quatro anos defendendo Catania, Internazionale (integrando o elenco vencedor da Copa dos Campeões em 1964) e Varese.

Outro destaque era o centroavante austríaco Erich Probst, um dos grandes goleadores da Europa em seu tempo. Contratado do Rapid Viena, pelo qual marcou 107 gols em 112 partidas e venceu quatro títulos austríacos em seis anos, mais uma Copa Zentropa (novo nome da antiga Mitropa) em 1951, havia balançado as redes seis vezes pela seleção da Áustria na Copa do Mundo de 1954. Pelo Wuppertaler, anotou 43 tentos em 50 jogos, mas deixou o clube rumo ao Zürich com a queda para a segunda divisão em 1958.

O clube ainda retornaria para mais uma temporada na elite da Oberliga Oeste, conquistando o acesso junto com o Bayer Leverkusen em 1962. Aquela temporada 1962/63 seria, no entanto, a última antes da reestruturação do campeonato que levou à criação da Bundesliga. O 15º lugar na Oberliga Oeste, aliado ao histórico um tanto incipiente no torneio não ajudaram a contemplar os Leões com uma vaga na nova liga, e eles foram remanejados para a Regionalliga Oeste, grupo da nova segunda divisão nacional.

A primeira temporada na nova competição terminou com uma derrota para o Pirmasens em um playoff que levaria aos grupos finais de acesso, após os Leões terem terminado em segundo lugar na Regionalliga Oeste. O clube entraria em declínio, despertando só no fim da década. Porém, a campanha arrasadora que o promoveria à Bundesliga viria apenas em 1971/72. No grupo regional a equipe foi a líder disparada, com 28 vitórias em 34 jogos, 60 pontos ganhos em 68 possíveis, 111 gols marcados e apenas 23 sofridos.

Já na fase final, num grupo de cinco em turno e returno contra Ösnabruck, Borussia Neunkirchen, Bayern Hof e Tasmania Berlim, o Wuppertaler venceu todos os oito jogos, com 26 gols marcados e cinco sofridos. Dos expressivos 137 tentos somados pelo clube nas 42 partidas, nada menos que 60 vieram do artilheiro Günter Pröpper (52 na Oberliga Oeste e oito na etapa decisiva). Na outra chave, o promovido seria o Kickers Offenbach. Os dois substituiriam na elite os rebaixados Borussia Dortmund e Arminia Bielefeld.

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O técnico Horst Buhtz orienta o treinamento

O acesso consolidava o trabalho de recuperação feito pelo técnico Horst Buhtz desde que aportou no clube em 1968. Na temporada anterior à sua chegada, os Leões haviam terminado em 15º na Regionalliga Oeste. Com ele, subiram para quinto e depois por duas vezes em terceiro, batendo na trave por um ou dois pontos para passar à fase final que definiria os promovidos. Nascido em Magdeburgo em 1923, antes da divisão do país, Buhtz era um profissional rodado tanto em seu tempo de jogador quanto de treinador.

Ponteiro que se destacou no Kickers Offenbach finalista do campeonato nacional de 1950, mais tarde Buhtz se tornaria o segundo alemão a jogar no futebol italiano, contratado pelo Torino por uma fortuna em 1952. Após 127 partidas e 34 gols pela Serie A, ele migrou para a Suíça, onde foi exercer as funções de jogador e técnico no Young Fellows e em seguida no Bellinzona. Voltaria à Alemanha em 1962 e treinaria outros três clubes – o último deles, o Hannover 96 – antes de ser chamado para resgatar o Wuppertaler.

O time-base

O elenco dos Leões para a estreia na Bundesliga era praticamente o mesmo que conquistara o acesso. Foram feitas contratações apenas para compor o plantel. O próprio time titular não tinha estrelas, apesar do desempenho espantoso do artilheiro Günter “Meister” Pröpper para balançar as redes na temporada anterior. E também contava-se nos dedos de uma das mãos os nomes com experiência prévia na primeira divisão – entre os titulares, eram apenas quatro; dois deles com menos de uma dezena de partidas.

Por outro lado, não chegava a ser uma equipe jovem. Apenas um titular começou a temporada com menos de 25 anos de idade (e faria aniversário em março de 1973, na segunda metade do calendário). Na largada da campanha, em meados de setembro, a média de idade do time inicial ficava em torno de 27,6 anos, subindo para 28,4 ao encerramento, no começo de junho. Os cinco atletas mais jovens de um elenco de 19 jogadores utilizados eram reservas que atuaram apenas esporadicamente ao longo da campanha.

O desenho tático da equipe não diferia do padrão do futebol do país da época, formatado numa espécie de 1-3-4-2, podendo se converter ao 1-3-3-3. Havia um líbero por trás da linha de três defensores (dois laterais e um zagueiro do tipo “stopper”, marcador do centroavante adversário). Mais adiante uma nova linha de quatro jogadores no meio-campo, sendo que o do lado esquerdo costumava ser um ponteiro recuado, que se tornava um terceiro atacante quando avançava. E na frente, outro ponta e um homem de área.

O time titular também era bem definido: à exceção do goleiro Manfred Müller (que atuou em 23 partidas, sendo substituído nas outras 11 pelo reserva Ulrich “Ulli” Gelhard), nenhum dos demais nomes certos da equipe fez menos de 31 jogos de início. O líbero era Emil Meisen, jogador mais veterano do elenco e líder de uma defesa que incluía o zagueiro “stopper” Erich Miß (pronuncia-se “Miss”) e os laterais Manfred Cremer, mais ofensivo, pela direita e Manfred Reichert, apoiador um pouco mais contido, pela esquerda.

No meio-campo, da direita para a esquerda, vinham o armador Bernhard Hermes (ex-jogador do Colônia), o volante Jürgen Kohle (que às vezes invertia os papéis com Erich Miß), Herbert Stöckl (que fizera três jogos pelo Bayern de Munique na temporada 1967/68) e, por fim, o ponta Heinz-Dieter Lömm, com passagens por Schalke e Arminia Bielefeld no currículo. Era quem se juntava à dupla de frente formada pelo ponta-direita Gustav Jung (outro ex-Bayern) e o já citado Günter Pröpper, vindo do Rot-Weiss Essen.

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O Wuppertaler no álbum do campeonato 1972/73

Com a manutenção de sua base e os números expressivos no caminho ao acesso, o Wuppertaler buscaria se candidatar a uma campanha longe do sufoco numa temporada em que o favoritismo ao título pendia para as duas novas potências, Bayern de Munique e Borussia Mönchengladbach, que haviam sido promovidas da Regionalliga em meados da década anterior para dividirem entre si as conquistas das quatro últimas edições do campeonato, além de formarem naquele momento a base da seleção alemã-ocidental.

Clubes de tradição mais longeva, o Colônia e o Schalke 04 eram apontados como seus principais concorrentes à conquista do caneco. Entretanto, os Azuis Reais, vice-campeões na temporada anterior, sofreriam um enorme abalo logo ao início da campanha 1972/73 quando vários de seus titulares acabaram suspensos pela federação devido ao envolvimento no caso de manipulação de resultados que estourou em junho de 1971 e vinha deixando sequelas desde então, conforme as investigações prosseguiam.

Na rodada de abertura do campeonato, em 16 de setembro de 1972, o Wuppertaler estreou na Bundesliga jogando em seu Stadion am Zoo (como o nome indica, anexo ao jardim zoológico da cidade) diante do Kaiserslautern e venceu por 2 a 0. Os gols vieram na etapa final: Jürgen Kohle abriu a contagem aos 18 minutos e o lateral Manfred Cremer definiu o resultado na última volta do ponteiro. Apesar da boa vitória, o início de campanha seria bem oscilante, e a equipe logo desceria à parte de baixo da tabela.

Naquele início, as apostas mais seguras sobre quem seria a sensação da temporada indicavam o outro clube promovido, o Kickers Offenbach, como mais promissor. Na sexta rodada, o clube de Hesse dividia a vice-liderança com o Fortuna Düsseldorf, a dois pontos de distância de um Bayern de Munique que já ameaçava disparar na ponta da tabela. Enquanto isso, o Wuppertaler ocupava uma discreta 12ª posição, ainda sem somar pontos como visitante. Dos primeiros sete jogos, a equipe venceria apenas dois.

Após o triunfo sobre o Kaiserslautern na estreia, o time foi a Düsseldorf e caiu de virada com dois gols no fim para o Fortuna por 2 a 1. Na terceira rodada, a vitória tranquila sobre o Bochum por 3 a 0 em casa valeu um novo ânimo, ainda que temporário? Pröpper abriu o placar no primeiro tempo, Gustav Jung ampliou na etapa final e Kohle – o cobrador oficial de pênaltis – deu números finais ao converter uma penalidade a quatro minutos do encerramento. Porém, o time só voltaria a vencer dali a cinco jogos.

Primeiro, viria a derrota para o próprio Kickers Offenbach, que chegou a abrir três gols de frente antes de Gustav Jung diminuir para 3 a 1 no fim. Em seguida, diante do Bayern de Munique em casa, a equipe saiu na frente com Kohle no início da etapa final e esteve muito perto de derrubar o grande time daquele campeonato. Mas cedeu o empate com gol de Bernd Dürnberger aos 34 minutos. Foi o primeiro ponto perdido pelos bávaros na temporada. Mas, para o Wuppertaler, o 1 a 1 significou descer uma posição.

Assim como foi decepcionante a derrota por 2 a 1 na visita ao lanterna Rot-Weiß Oberhausen – que ainda não havia somado pontos nas cinco rodadas anteriores. Uma semana depois, em casa, a equipe saiu atrás contra o Werder Bremen, mas arrancou o empate em 1 a 1 logo em seguida. Ainda que mais uma vez a vitória não tenha vindo e o clube permanecesse em 12º na tabela, o bom desempenho em campo naquele jogo levava a crer que o aspecto anímico havia melhorado. A recuperação era iminente.

O início da melhor fase

A reação começaria na oitava rodada, em 21 de outubro, com a vitória de 1 a 0 sobre o Eintracht Braunschweig fora de casa. A dez minutos do fim, Pröpper balançou as redes pelo terceiro jogo seguido para dar ao Wuppertaler seus primeiros pontos como visitante na temporada. Com o peso retirado das costas, era o momento de encaminhar uma sequência positiva. Contra o Hertha Berlim em casa, seria a vez de Gustav Jung brilhar com uma tripleta na goleada por 4 a 1. Pröpper também deixou o seu, mais uma vez.

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O Wuppertaler nas capas da revista Kicker entre 1972 e 1974

Com o moral cada vez mais em alta, a equipe de Horst Buhtz emendou três excelentes resultados – os dois primeiros fora de casa. Primeiro arrancou o empate em 1 a 1 diante do Colônia em jogo disputado no Radrennbahn, o velódromo da cidade (o vizinho Müngersdorfer estava em obras), com Kohle igualando o placar seis minutos depois de Wolfgang Overath ter aberto a contagem. Depois, em Gelsenkirchen, Pröpper marcou duas vezes na etapa inicial nos 2 a 1 sobre o Schalke (que descontou com Erwin Kremers).

O terceiro bom resultado consecutivo, que estendia a série invicta do time a seis partidas, foi a vitória por 1 a 0 diante da forte equipe do Eintracht Frankfurt (do ponta-direita da seleção Jürgen Grabowski) no Stadion am Zoo. No início do segundo tempo, o reserva Georg Jung marcou o único tento da partida, definindo o resultado que alavancou o Wuppertaler até um surpreendente terceiro lugar na tabela. A sequência sem derrotas, no entanto, acabaria dali a uma semana, na visita ao Borussia Mönchengladbach.

Dirigido desde 1964 pelo tarimbado Hennes Weisweiller, que ministrava um dos mais respeitados cursos de treinadores do mundo na Academia Alemã de Esportes em Colônia, o time dos Potros reunia um punhado generoso de jogadores da Nationalelf (entre eles o zagueiro Berti Vogts, o meia Günter Netzer e o atacante Jupp Heynckes), além de astros internacionais, como o ponta dinamarquês Henning Jensen e o meia israelense Shmuel Rosenthal. E havia levantado os títulos da Bundesliga de 1970 e 1971.

Em seu primeiro confronto pela divisão de elite contra o Wuppertaler, o Borussia saiu na frente com Dietmar Danner no primeiro tempo. Na etapa final, houve três penalidades: Jupp Heynckes converteu a primeira e ampliou para os locais. Cinco minutos depois, Jurgen Kohle também balançou as redes e diminuiu para os visitantes. A nove minutos do fim, os donos da casa tiveram a chance de colocar de novo dois gols de vantagem, mas Danner chutou o terceiro pênalti para fora. E o placar ficou mesmo nos 2 a 1.

A derrota fez o Wuppertaler descer para o sexto posto, mas a equipe não se abalou e emendou uma nova sequência favorável, voltando a escalar a tabela de classificação antes da interrupção do campeonato com a pausa de inverno. Três dias depois da derrota em Mönchengladbach, o time recebeu o Stuttgart, terceiro colocado, e deu a volta por cima com uma goleada categórica. Gustav Jung marcou duas vezes em lances seguidos e Cremer ampliou ainda na etapa inicial. No segundo tempo, Stöckl fechou os 4 a 0.

Um empate em 0 a 0 na visita ao Duisburg foi seguido por mais uma goleada em casa, agora sobre o Hamburgo, que havia acabado de deixar a lanterna ao vencer o Hertha Berlim por 4 a 0. Desta vez, porém, os hanseáticos é que sofreriam um placar dilatado em sua visita ao Stadion am Zoo: Pröpper encerrou um pequeno jejum de quatro jogos sem marcar abrindo a contagem com uma cabeçada, enquanto Kohle ampliou cobrando pênalti na primeira etapa. A goleada, no entanto, se delinearia na volta do intervalo.

Kohle, dessa vez com bola rolando, fez o terceiro aos seis minutos da etapa final. Pröpper, em outra cabeçada, marcou o quarto aos 20 e ainda poderia ter completado sua tripleta pessoal se não tivesse acertado o travessão na cobrança de um pênalti três minutos depois. Aos 28, em mais uma penalidade, Klaus Zaczyk descontou para o Hamburgo. Mas um gol contra do veterano Willi Schulz a três minutos do fim completou a goleada de 5 a 1, resultado que voltava a alçar os Leões ao terceiro posto da classificação.

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Manfred Müller faz a defesa observado por Jürgen Kohle, à direita

A primeira metade da campanha seria encerrada em 16 de dezembro com o empate em 1 a 1 diante do Hannover fora de casa, com Pröpper mais uma vez balançando as redes. O Wuppertaler se mantinha em terceiro com os mesmos 21 pontos de Stuttgart e Colônia, mas com melhor saldo graças ao bom desempenho da defesa, a segunda menos vazada, com 16 gols sofridos. Estava, porém, longe do líder Bayern de Munique, que somava 27 pontos e tinha como maior perseguidor o Fortuna Düsseldorf, com 25.

O returno

Enquanto a neve tomava conta do país, o campeonato ficaria congelado até 20 de janeiro. E o Wuppertaler retornou como havia parado: com um empate em 1 a 1 fora de casa, desta vez com o Kaiserslautern. Ernst Diehl abriu o placar para os locais logo aos três minutos, mas Bernhard Hermes deixou tudo igual ainda no primeiro tempo. Em 3 de fevereiro, contra o Bochum, nova igualdade: os Leões voltaram a sofrer um gol de saída e estiveram duas vezes atrás, mas Pröpper decretou o 2 a 2 a 12 minutos do fim.

A primeira vitória do returno chegaria uma semana depois num jogo frenético diante do Kickers Offenbach no Stadion am Zoo. Na metade inicial da primeira etapa Pröpper e Cremer (de cabeça) abriram dois gols de frente, mas a vantagem foi reduzida a pó antes do intervalo: Winfried Schäfer descontou aos 26, o goleiro Werner Bockholt pegou um pênalti de Kohle aos 37 e Manfred Ritschel deixou tudo igual aos 43. Na volta, Hermes colocou os Leões de novo na frente aos oito, mas Amand Theis tornou a igualar aos 20.

O gol que decidiria a dramática vitória do Wuppertaler por 4 a 3 só sairia a três minutos do fim por intermédio de Kohle, que se redimia da penalidade perdida no primeiro tempo. O triunfo levava a equipe a alcançar uma série invicta ainda maior que a anterior, agora com sete partidas sem derrota (embora sem vitórias fora de casa, ao contrário da outra). A equipe de Horst Buhtz reafirmava sua intenção de brigar na parte de cima. Mas seu momento seria posto à prova no jogo seguinte, contra o Bayern em Munique.

Os bávaros, tal como o Borussia Mönchengladbach, já haviam se consolidado como potência: em junho de 1972, quando a Alemanha Ocidental conquistou a Eurocopa, nada menos que seis dos titulares atuavam pelo Bayern: o goleiro Sepp Maier, os defensores Franz Beckenbauer, Hans-Georg Schwarzenbeck e Paul Breitner, o meia Uli Hoeness e o centroavante Gerd Müller. E todos eles estariam em campo no Olympiastadion de Munique no confronto contra o Wuppertaler naquele 17 de fevereiro de 1973.

Os anfitriões foram logo abrindo o placar com Hoeness aos três minutos. Mas o Wuppertaler chegou ao empate aos 12 num pênalti convertido por Kohle. O jogo parelho, porém, durou pouco: aos 16, Gerd Müller recolocou o Bayern na frente com uma cabeçada. E na etapa final, a goleada se desenharia com gols de Bernd Dürnberger (que já havia marcado no confronto do turno) e Wilhelm Hoffmann, fechando o placar num contundente 4 a 1, que derrubou os Leões para a sexta colocação na classificação.

O Wuppertaler, no entanto, reagiu rapidamente com quatro vitórias seguidas. Primeiro veio o troco no Rot-Weiß Oberhausen: 3 a 1 com dois gols de Pröpper e um de Gustav Jung. Em seguida, o reserva Theodor Homann decidiu, a quatro minutos do fim, a vitória por 1 a 0 sobre o Werder Bremen fora de casa. A terceira foi o 2 a 1 sobre o Eintracht Braunschweig, com Jung e Kohle (de pênalti) marcando. E outro gol de Jung levou a equipe a mais um triunfo como visitante, agora diante do Hertha Berlim, por 1 a 0.

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Contra o Colônia, o encontro dos capitães Manfred Reichert e Wolfgang Overath

O próximo adversário seria o Colônia no Stadion am Zoo. Os Bodes, que também brigavam na parte de cima da tabela, tinham uma espinha dorsal formada por nomes de extensa carreira na Nationalelf: o defensor Wolfgang Weber, os meias Wolfgang Overath e Heinz Flohe e o atacante Hannes Löhr. Um quinto jogador, o defensor Bernd Cullmann, havia acabado de estrear na equipe nacional. E outro, o atacante Jupp Kappelmann, seguiria o mesmo caminho logo após o fim da temporada. Um oponente de peso.

Os visitantes saíram na frente com um gol de Cullmann aos 30 minutos e foram para o intervalo em vantagem. O Wuppertaler, no entanto, chegou à virada na metade da etapa final quando Kohle marcou duas vezes (uma delas de pênalti) num espaço de cinco minutos. Porém, um gol contra de Erich Miß pouco depois decretou o empate em 2 a 2. Os Leões fariam mais dois jogos seguidos em casa e no primeiro deles goleariam o Schalke por 4 a 1 com dois gols de Pröpper, um de Gustav Jung e outro de Hermes.

A partida seguinte seria um jogo atrasado da 19ª rodada contra o Fortuna Düsseldorf, marcado originalmente para 27 de janeiro e disputado apenas em 14 de abril. Após os visitantes anotarem primeiro, os Leões buscaram o empate ainda na primeira etapa com Stöckl, e o 1 a 1 permaneceu até o fim. De qualquer forma, O Wuppertaler conseguia se manter na colocação mais alta que alcançaria naquela temporada: a vice-liderança, atrás apenas de um já praticamente inalcançável Bayern de Munique, muito à frente.

Aquele empate também encerrava uma ótima sequência do time dirigido por Horst Buhtz desde meados de outubro: após a hesitação no início da temporada, a equipe havia disputado 22 jogos pela liga com 12 vitórias, oito empates e apenas duas derrotas – exatamente para as duas maiores potências do país no momento, Borussia Mönchengladbach e Bayern de Munique, fora de casa. Um desempenho muito acima do esperado para os novatos na Bundesliga e que os permitia sonhar com uma vaga na Copa da Uefa.

A derrota para o Eintracht Frankfurt por 2 a 1 fora de casa com um gol sofrido a três minutos do fim, no entanto, precipitou um declínio um tanto vertiginoso na campanha na reta final. No jogo seguinte, o ótimo desempenho em casa até ali – invicto, com 10 vitórias e quatro empates – viria a sofrer um abalo com a goleada de 5 a 0 sofrida diante do Borussia Mönchengladbach. O terceiro revés seguido viria duas semanas depois, diante do Stuttgart fora de casa por 4 a 2, num jogo em que o time chegou a estar na frente.

Naquela péssima sequência, a então segunda defesa menos vazada do campeonato – que havia sofrido 19 gols nos primeiros 28 jogos – de repente levou 11 em apenas três partidas. E passou a ver ser ameaçada a classificação europeia ao descer para a quarta posição, enquanto as equipes logo abaixo na tabela se aproximavam. Porém, o time ainda tiraria da cartola uma última grande atuação, ao amassar o Duisburg por 5 a 0. Pröpper balançou as redes nada menos que quatro vezes e o reserva Detlef Webers completou.

A vaga na Copa da Uefa foi garantida matematicamente na penúltima rodada, com o empate em 2 a 2 diante do Hamburgo no Volksparkstadion, num jogo em que o time foi buscar a igualdade com gols de Stöckl e Reichert após sair em desvantagem de dois gols. O desfecho da temporada, no entanto, teve um gosto estranho: em casa, o Wuppertaler foi goleado por 4 a 0 pelo ameaçado Hannover, que com aquele resultado se salvou do rebaixamento por um ponto – o Braunschweig caiu em seu lugar junto com o Oberhausen.

Com isso, o Wuppertaler terminaria a temporada na quarta colocação, excelente resultado para um estreante. Das 34 partidas, vencera 15, empatara 10 e perdera nove, somando 40 pontos. À sua frente ficariam o Fortuna Düsseldorf, em terceiro com 42; o Colônia, vice-campeão com 43; e o Bayern de Munique, bem distante com os 54 pontos que lhe valeram um título fácil. Os Leões, por outro lado, teriam a glória de terminar acima do Borussia Mönchengladbach (quinto), além do Stuttgart e do Eintracht Frankfurt.

O ponto forte do time de Horst Buhtz na campanha foi a defesa, a terceira menos vazada da competição com 49 gols sofridos. Somente o Bayern e o Fortuna levaram menos tentos. Já o ataque foi o quinto mais positivo, empatado com o Fortuna, balançando as redes 62 vezes – neste aspecto, o destaque ficou com o poder de fogo de Günter “Meister” Pröpper, terceiro artilheiro do campeonato com 21 gols, atrás apenas dos lendários Gerd Müller (Bayern de Munique) e Jupp Heynckes (Borussia Mönchengladbach).

Sem deixar rastro

Com o elenco mantido e reforços pontuais, o clube passaria longe de repetir a campanha do ano anterior na temporada 1973/74: mesmo com Günter Pröpper de novo se destacando e marcando 16 gols, o Wuppertaler se salvaria do rebaixamento apenas na última rodada, ao arrancar um milagroso empate em 2 a 2 com o Stuttgart fora de casa graças a um gol de Lömm a nove minutos do fim. Com o resultado, ele superaria no saldo de gols o Fortuna Köln, derrotado por 4 a 0 pelo Kickers Offenbach naquele mesmo dia.

A campanha europeia também teria vida curta: o time cairia para os poloneses do Ruch Chorzow logo na primeira fase da Copa da Uefa sendo derrotado por 4 a 1 na Polônia e vencendo na volta por 5 a 4 no Stadion am Zoo num jogo em que o adversário esteve quase sempre à frente no marcador, abrindo 1 a 0 e mais adiante 3 a 1, antes da virada dos Leões a cinco minutos do fim. Seriam a únicas partidas do Wuppertaler na história das copas continentais. Mas a situação viria a piorar na temporada seguinte.

O elenco sofreria reformulação mais profunda, ganhando em quantidade. Porém, perderia em coesão e entrosamento com a saída de peças importantes – especialmente no setor defensivo – como Emil Meisen, Jürgen Kohle e o capitão Manfred Reichert, que pendurou as chuteiras. Além disso, Manfred Cremer e Bernhard Hermes atuariam com bem menos frequência. Para piorar, ofuscado pelo novo contratado Franz Gerber, Günter Pröpper amargaria uma queda sensacional de rendimento, marcando apenas dois gols.

O resultado seria uma campanha desastrosa, o rebaixamento como lanterna e a segunda pior campanha da história da Bundesliga: apenas duas vitórias (curiosamente, uma delas sobre o Bayern de Munique), oito empates e 24 derrotas, totalizando só 12 pontos ganhos. Horst Buhtz seria demitido ainda em outubro de 1974, sendo substituído pelo húngaro János Bedl, vindo de passagens não muito felizes por Rot-Weiss Essen e Borussia Dortmund (o qual não conseguiu recolocar na elite no ano anterior).

Nos anos que se seguiram, só quatro jogadores do time histórico de 1972/73 voltariam a atuar na elite da Bundesliga, quase todos sem muito destaque em equipes pequenas: Erich Miß entraria e sairia do time do Bochum na temporada 1975/76, antes de voltar ao Wuppertaler em setembro de 1976. Gustav Jung atuaria apenas 11 vezes pelo Karlsruhe em duas temporadas somadas (1975/76 e 1976/77). Manfred Cremer, por sua vez, defenderia o Saarbrücken (12 jogos como titular) também na temporada 1976/77.

O único jogador a ter carreira mais longeva na primeira divisão alemã seria o goleiro Manfred Müller. Vendido ao Nürnberg em 1976, ele ajudaria o clube a retornar à elite para a temporada 1978/79, na qual seria o titular da meta dos bávaros. Após uma passagem relâmpago de apenas uma partida pelo Ingolstad, que disputava a segunda divisão, sua carreira ganharia novo impulso ao ser contratado pelo Bayern de Munique, que buscava um substituto para o lendário Sepp Maier, recém-aposentado.

Disputando a posição com o prata da casa Walter Junghans, ele acabaria jogando com frequência nas temporadas 1980/81 (sagrando-se campeão da Bundesliga) e 1981/82, quando chegaria a disputar a final da Copa dos Campeões, perdida para um surpreendente Aston Villa. Porém, com a chegada do belga Jean-Marie Pfaff em 1982, ele perderia espaço antes de se aposentar em 1984. Depois disso, ainda voltaria a atuar em caráter emergencial por um jogo pelo Nürnberg em 1986, substituindo Andreas Köpke.

Da mesma forma que grande parte do seu elenco, o Wuppertaler rapidamente evaporaria das divisões principais do campeonato alemão-ocidental. Seu rebaixamento em 1975 o levaria para a recém-criada 2.Bundesliga, da qual também cairia ao fim da temporada 1979/80, descendo à Oberliga-Nordrhein, onde se alojaria por toda a década que viria. Ainda experimentaria um rápido retorno à 2.Bundesliga em 1992/93 e 1993/94, antes de uma nova descida íngreme com destino à categoria equivalente à quinta divisão.

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