Gazeta Esportiva.com
·30 de abril de 2020
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·30 de abril de 2020
Emprestado pelo Botafogo ao Cartagena, da Espanha, até o meio de 2020, o atacante Vinícius Tanque é mais um jogador brasileiro a viver um cenário de incertezas devido à pandemia do novo coronavírus. Além de ver as paralisações das competições atrapalharem seu início no clube europeu, o jogador de 25 anos ainda ficou sozinho no Velho Continente.
Vivendo na cidade de Cartagena, que fica a 446 km de distância da capital Madri e tem cerca de 215 mil habitantes, ele contou em entrevista à Gazeta Esportiva que não pôde receber a visita da esposa por causa da quarentena.
“Eu sou casado. Como era um contrato curto, até o meio do ano, resolvi vir sozinho e tinha em mente trazer minha esposa futuramente. Mas aconteceu a situação do coronavírus, então frustrou meus planos de trazê-la”, afirmou.
Por conta disso, Vinícius passou o aniversário, no último dia 27 de março, praticamente sozinho. Por sorte, seu empresário estava por perto e conseguiu comemorar a data com o jogador. Além dele, dois brasileiros da equipe espanhola também estiveram junto, mas nada de familiares.
“Eu passei junto com meu empresário, que está aqui na região. E na equipe tem mais dois brasileiros. Então, acabou que compraram um bolo, só para não passar em branco, e eu comemorei com eles. Mas em termos de família, passei sozinho mesmo”, disse.
Em campo, o atacante viu a doença frustrar seu bom começo no Cartagena. Com dois gols marcados em quatro jogos disputados, ele ajudou o time a ocupar a liderança do Grupo 4 da terceira divisão antes da suspensão do campeonato.
“Eu estava vindo em uma sequência boa, consegui marcar dois gols em quatro jogos. Em termos gerais, a equipe fez um grande jogo na última partida, conseguimos a liderança. Então acho que isso quebra o ritmo de jogo, a sequência, você tem que readaptar o corpo. Foi ruim de modo geral. Mas, para mim, foi um pouco difícil porque estava confiante e quebrou um pouco”, declarou o jogador, que ainda relatou o clima tenso vivido no país ibérico.
“É um clima muito estranho. É uma coisa que eu nunca tinha vivido. Foi um pouco assustador no início. As coisas acabando no mercado porque as pessoas estavam com medo de se estender a quarentena e estavam estocando comida. E chegar no mercado e não ter nada, você fica um pouco surpreso. As pessoas foram sumindo das ruas, foi bastante complicado no início. Você também quebra a rotina de treinar, ir na rua, ter um convívio social… Foi bastante difícil nas primeiras semanas ter que ficar em casa, usar máscara para sair na rua”, afirmou.
Ele ainda falou sobre a dificuldade de se preparar fisicamente estando preso em casa. “É um pouco complicado porque não é a mesma coisa de você estar no clube. Como não tem bola, essas coisas, fica um pouco sem motivação, mais chato. Mesmo assim, estou me reinventando, trabalhando todos os dias para ajudar a passar o tempo e manter a forma para continuar respondendo se o campeonato voltar”, admitiu.
Com passagem pelo Mafra, da segunda divisão de Portugal, Vinícius já havia enfrentado o primeiro choque de se mudar para a Europa. Contudo, o idioma foi um dos empecilhos nessa chegada ao Cartagena. Antes do isolamento social, ele frequentava aulas presenciais de espanhol, mas teve que interrompê-las. Durante a quarentena, porém, ele está aproveitando para fazer um curso de inglês online.
“Eu tive uma passagem pelo Mafra, de Portugal, em 2018. O início aqui na Espanha foi um pouco complicado em termos de idioma e de entendimento do que o Mister falava. Mas, depois que os dias passaram, foi ficando mais tranquilo. Também comecei fazer aula de espanhol, então estou mais adaptado”, disse, antes de completar que “dá para viver”.
*especial para a Gazeta Esportiva