Trivela
·17 de abril de 2023
Trivela
·17 de abril de 2023
Albert Riera teve uma péssima recepção como novo treinador do Olimpija Ljubljana, em julho. O espanhol foi escorraçado de sua coletiva de apresentação, depois que uma dúzia de ultras mascarados invadiu a sala onde era realizada a entrevista. O protesto não era necessariamente contra Riera, mas sim pela demissão de Robert Prosinecki, antigo comandante dos alviverdes que saiu com menos de três meses no cargo. O campo, no entanto, deu a melhor resposta possível a Riera. O ex-meia continuou na casamata mesmo com a intimidação e terminou a temporada como campeão. Neste domingo, o Olimpija venceu o rival Maribor e confirmou a conquista do Campeonato Esloveno com cinco rodadas de antecedência. A equipe não ficava com a taça desde 2018.
Riera está dando os seus primeiros passos na carreira de treinador. O antigo meia da seleção espanhola teve uma história razoável como jogador. Chegou ao seu ápice com a camisa do Liverpool, mas também rodou por clubes como o Mallorca, o Bordeaux, o Espanyol, o Manchester City, o Olympiacos e o Galatasaray. Curiosamente, o veterano pendurou as chuteiras no futebol esloveno. E voltou para lá nesta temporada, após uma experiência de dois anos como assistente do Galatasaray. O Olimpija concedeu a primeira oportunidade para que o maiorquino assumisse como técnico principal.
As manchetes ao redor de Riera, entretanto, não eram animadoras em julho. Foi quando aconteceu o episódio de intimidação dos ultras. Prosinecki teve um bom aproveitamento em seus poucos meses de Olimpija e conseguiu cinco vitórias em oito partidas na reta final do Campeonato Esloveno, terminando 2021/22 na terceira colocação. Também possuía mais experiência na casamata, além do fato de “ser dos Bálcãs”, o que certamente criava um laço maior com a torcida. A diretoria, no entanto, decidiu contratar Riera e os ultras apelaram para a violência. No fim das contas, a mudança seria certeira.
O Olimpija não teve vida longa nas preliminares da Conference League. Passou na prorrogação contra o Differdange, de Luxemburgo, e caiu nos pênaltis diante do Sepsi, da Romênia. Em compensação, a equipe conseguiu emendar uma sequência de oito vitórias logo na largada do Campeonato Esloveno, seu melhor início de campanha desde 1994. Desde então, os alviverdes conseguiram administrar bem a vantagem construída e não saíram mais da ponta. Chegaram a tomar algumas goleadas como visitantes, mas o aproveitamento como mandantes, superior a 85% dos pontos disputados, sustentou o sucesso. E sem nenhum concorrente na cola, a comemoração do título virou questão de tempo.
Neste domingo, o Olimpija encarou o Maribor, no Dérbi Eterno de Ljubljana. Os rivais ocupam exatamente a segunda colocação e uma vitória garantiria matematicamente o título para os alviverdes. Foi o que aconteceu: o triunfo do Olimpija por 2 a 0 deixou a equipe com 69 pontos, 15 a mais que o Maribor, restando mais cinco rodadas. Como o critério de desempate principal é o confronto direto, a celebração veio de maneira antecipada para os Dragões. Riera pôde celebrar seu primeiro troféu como técnico. Já em campo, o destaque do time é o meia bósnio Mario Kvesic, líder em gols e assistências da equipe. Foi a principal referência de um elenco que mescla bem jogadores locais e estrangeiros, com destaque à colônia lusófona.
O atual Olimpija é uma reencarnação do Olimpija original, uma força eslovena nos tempos de Iugoslávia. Os alviverdes disputaram 22 edições do Campeonato Iugoslavo, um recorde entre os times de sua república, e conquistaram as quatro primeiras edições do Campeonato Esloveno após a independência. Porém, com problemas financeiros, decretaram falência em 2005. O novo Olimpija precisou conquistar quatro acessos consecutivos, para saltar da quinta divisão até a elite. Desde então, faturou três edições da primeira divisão. Todavia, os Dragões encaravam um jejum desde 2017/18, encerrado pela atual equipe de Riera.
É curioso notar como o título esloveno tem mudado de mãos nos últimos anos. Apesar do domínio histórico do Maribor desde a independência, com 16 das 32 taças disputadas, as últimas quatro temporadas tiveram quatro campeões distintos: Celje, Mura, Maribor e Olimpija. Os Dragões agora esperam um sucesso mais duradouro, também com uma porta aberta nas copas europeias. Estarão nas preliminares da Champions League a partir da primeira fase, com um atalho possível à fase de grupos da Conference League.