PL Brasil
·14 de outubro de 2020
PL Brasil
·14 de outubro de 2020
A ligação dos Gunners com a França é um fato incontestável. Ela pode ser explicada por diversos fatores, mas o principal dele está ligado ao período de ouro do início dos anos 2000. E uma das peças mais importantes dessa parceria foi Robert Pirès, que chegou ao Arsenal para ser alçado ao posto de ídolo.
Hoje contaremos na PL Brasil a história da carreira de Pirès. Aprofundando um pouco mais sobre os feitos que tornaram o meio-campista francês em uma grande estrela em seu país e em Londres.
Robert Pirès é filho de pai português e mão espanhola, mas teve teve como sua cidade natal Reims – na França. Foi no país franco que o jogador teve sua formação e por lá também iniciou sua carreira no esporte bretão. Pirès jogou pelo clube da cidade (Stade de Reims) na juventude e ainda na base foi para o Metz.
O primeiro contrato-profissional de Robert aconteceu em Metz e por lá o jogador ficou durante seis anos. Foi no Metz que Pirès conseguiu se destacar a ponto de ser chamado para a seleção de seu país. Estando assim convocado na lista para Copa do Mundo de 1998, disputada no seu país.
Em entrevista ao French Football Weekly, Pirès foi perguntado sobre o mundial em diversos momentos. Até que o entrevistador repara na felicidade do ex-jogador (texto publicado em 2014) e o questiona sobre seus sorrisos quando são mencionadas as palavras “campeões do mundo”. Pirès responde o seguinte:
“foram momentos emocionantes, para todo o país e para nós jogadores, porque conquistamos algo que é grandioso.”
Após a Copa, Pirès deixou o Metz para compor o elenco do Olympique de Marseille. Em seu antigo clube conquistou a Copa da Liga, mas em sua nova casa o jogador não conseguiu o mesmo sucesso. No primeiro ano foi vice-campeão da Ligue 1 e da Copa UEFA. No entanto, a segunda temporada foi repleta de fracassos.
O último ano de Robert na Ligue 1 foi o primeiro no novo milénio e a virada deu novo fôlego a ele. Apesar da baixa no Marseille, o atleta foi convocado para a Eurocopa de 2000 e nela foi essencial para a obtenção do título da competição pela seleção francesa. Foi dele o passe para o gol de David Trezeguet na virada sobre a Itália em plena final. A ato proporcionou a virada na carreira de Pirès.
“Pires driblou Cannavaro pela esquerda e cruzou para área. O franco-argentino Trezeguet, livre de marcação, chutou forte, no ângulo superior direito de Toldo.” – relato da partida na Folha de São Paulo
Campeão europeu, Pirès recebeu uma nova chance em sua carreira. Marc Overmars estava trocando o Arsenal pelo Barcelona e Arsène Wenger precisava de uma reposição. O nome escolhido acabou sendo o de Robert Pirès, que por cerca de 6 milhões de libras passou a vestir a camisa vermelha do time londrino.
Em sua primeira temporada, Robert teve dificuldades com a adaptação. O fato de substituir um ídolo do clube e vir de uma escola diferente fez com que até mesmo o jogador desacreditasse de sua capacidade. Na estreia, Pirès viu Patrick Vieira ser derrubado com tamanha violência que logo pensou:
“Esse futebol não é para mim” – Pirès ao French Football Weekly
Apesar do susto em seu debute, este contra o Sunderland, Pirès teve bons números no primeiro ano. Na Premier League atuou 33 vezes e marcou em quatro oportunidades. Conseguiu também ser garçom sete vezes. Pirès revelou ao French Football Weekly que Wenger o ajudou bastante, dando o exemplo de que na estreia treinador o deixou como reserva para que ele pudesse aprendesse.
Na temporada seguinte, adaptado, Robert Pirès teve seu melhor desempenho pelo Arsenal. Campeão da PL, o francês foi eleito o melhor Footballer of the Year pelos jornalistas. Além disso também conseguiu o título individual de melhor atleta dos Gunners na temporada. Lembrando que Pirès atuava com nomes como Thierry Henry e Dennis Bergkamp
Fundamental no título da liga na temporada 2001/2002 e peça chave no elenco dos Invencíveis. Robert Pirès fez 17 gols e oito assistências em 2003/2004, tendo um ano irretocável. O feito o colocou na prateleira dos melhores do Arsenal de todos os tempos, sendo um dos três franceses mais importantes do clube.
A última temporada de Pirès foi a de 2005/2006. Em mais um ano, o meia conseguiu ter grande impacto nos Gunners, ajudando assim o time a chegar na final da Champions League. O vice-campeonato da competição encerrou sua passagem pelo clube e iniciava sua trajetória no futebol espanhol.
Contratado pelo Villarreal, Pirès chegou para atuar sob o comando de Manuel Pellegrini. O Submarino Amarelo havia acabado de fazer sua melhor campanha na Liga dos Campeões ao chegar na semifinal. Porém, a eliminação para o Arsenal de Pirès fez com que o clube buscasse ainda mais reforços.
Robert Pirès permaneceu na Espanha por quatro anos, fazendo parte do elenco vice-campeão da La Liga na temporada 2007/2008. Um texto no site do clube destaca que o francês é “uma das figuras mais proeminentes da história recente do Villarreal”. Ao fim de 2009/2010 ele acabou retornando para a PL.
O destino na volta para a Terra da Rainha? O Aston Villa. Aos 37 anos, Pirès buscava ser incansável. Mas, depois de apenas 9 partidas pela liga o jogador resolveu pendurar as chuteiras ao fim da temporada.
Em 2014, Robert Pirès ainda voltou a campo para jogar a Indian Super League (ISL). Fez oito partidas e marcou um gol, mas não deu continuidade ao trabalho no FC Goal e parou com a carreira de jogador profissional em definitivo.
Apesar de uma chegada com desconfiança, Pirès conseguiu o status de ídolo no Arsenal. Ao todo foram 284 partidas disputadas e 84 gols marcados. Sua importância foi tamanha que chegou a ser listado como o sexto maior jogador a passar pelo clube.
Nos seis anos em que esteve com os Gunners, Pirès foi campeão em sete oportunidades. Ganhou três vezes a Copa da Inglaterra, duas vezes a Premier League e a Supercopa da Inglaterra. Além disso fez parte do elenco vice-campeão da Champions League, maior campanha do Arsenal no torneio.
Nestes anos jogando no lado vermelho de Londres, Robert Pirès acabou se tornando o 5º jogador que mais vestiu a camisa do Arsenal na Champions. Na final que disputou, há a curiosidade do fato que o jogador foi substituído aos 18 minutos. Jens Lehmann foi expulso e Wenger escolheu Pirès para a entrada de Manuel Almunia.
Outro ponto que coloca Robert Pirès entre os queridos pela torcida do Arsenal é seu fator goleador contra o Tottenham. Pirès está entre os maiores artilheiros, sendo segundo no quadro geral (jogadores dos dois times) e primeiro do lado vermelho do North Derby London. No confronto ele marcou sete vezes.
Apesar do fator goleador no clássico, Pirès nunca se viu como um artilheiro nato. Preferia as assistências e achava que elas deveriam ser o foco dos meio campistas. Como resultado dessa mentalidade Pirès ficou marcado como o garçom do gol antológico de Bergkamp contra o Newcastle em 2002.
Por bastante tempo Robert Pirès foi um dos cobradores oficiais de penalidades do Arsenal. Sua qualidade nas finalizações era tamanha que o jogador tinha plena confiança de Arsène Wenger e seus companheiros. No entanto, uma cobrança fracassada ficou marcada.
O adversário era o Manchester City, em partida válida pela Premier League. Pirès havia marcado o primeiro gol contra a equipe em uma cobrança de pênalti, até que uma nova chance surgiu para o atleta. Thierry Henry então chegou em seu compatriota e disse para que eles fizessem “aquela penalidade”.
A cobrança em questão era uma realizada por Johan Cruyff em seus tempos de jogador. O objetivo era o cobrador passar a bola levemente para um espaço vazio e algum companheiro deveria surpreender rapidamente a defesa tentando o chute.
Henry e Pirès haviam se divertido no treino simulando a cobrança, portanto o atacante queria repetir o feito na partida. Em entrevista ao mesmo French Football, Pirès disse que ficou desconfiado. Mas, no fim acabou aceitando a ideia de Henry. Ele iria para a penalidade, enquanto o atacante seria a elemento surpresa.
Pirès então partiu para a bola com toda a velocidade, mas no momento derradeiro travou. Henry não tocou na bola, nem mesmo Robert. Porém, a defesa chegou e tirou o lance. Todos ficaram sem entender o que havia acontecido e no fim o árbitro deu falta contra o Arsenal. Pirès comentou que até mesmo os árbitros estavam desorientados.
Ainda na entrevista ao FFW Pirès destaca que se tudo tivesse dado certo, ele e Henry, teriam sido considerados gênios assim como Cruyff. Apesar de não ter entrado para a hall da fama pela cobrança, Robert Pirès com certeza está entre os maiores futebolistas de todos os tempos.