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·03 de março de 2020

Ruanda e o futebol como instrumento de redenção pós-guerra

Imagem do artigo:Ruanda e o futebol como instrumento de redenção pós-guerra

O maior acontecimento do futebol no país, também gerou a união e a confiança em dias melhores, mesmo após uma guerra letal

Guerra em Ruanda:


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Antes de chegarmos na parte principal da matéria temos como dever, explicar os fatos entre 1990 e 1994. No início, tutsis e hutus (os dois povos principais da localidade) formaram tropas refugiadas em Uganda, para atacar o governo de Juvénal Habyarimana (em 1973 tomou o poder, através de um golpe e teve o apoio da França e da Bélgica, até a década de 1980).

A crise econômica condicionava para a democratização, porém a morte do presidente (abril de 1994), criou uma lacuna e o discurso de ódio contra os tutsis fortificou o Poder Hutu, responsáveis pelo genocídio de 800 mil à 1 milhão de pessoas em três meses. Paul Kagame (Frente Patriótica de Ruanda) acabou o massacre e atualmente é o governante do país.

Classificação para a Copa das Nações Africanas:

A seleção nunca foi forte no continente e a única vez que disputou o maior campeonato entre as nações africanas foi em 2004. O país ainda vivia os resquícios da guerra (mesmo que as punições de parte dos dois milhões de acusados tenham acontecido durante o período). Mas o futebol uniu tutsis e hutus.

Em 2002, a seleção de Gana (na época estava ganhando espaço e na sequência conquistou a vaga para Copa do Mundo de 2006) venceu por 4 a 2 Ruanda. Todavia, o selecionado não desistiu, no ano seguinte empatou de 0 a 0 com Uganda em casa, parecia distante a classificação. No entanto, Ruanda superou Uganda por 1 a 0 em território adversário.

O jogo decisivo foi no dia 6 de julho de 2003, Ruanda precisava vencer para garantir a única vaga do grupo, outros resultados favoreciam Gana. O estádio nacional de Kigali (capital) estava lotado, o duelo estava empatado, mas nos acréscimos, cruzamento na área e aconteceu o improvável, gol da classificação e festa única no país.

Apesar da estreia em grandes campeonatos, o time fez 4 pontos em 3 jogos, sendo eliminado pela Tunísia (campeã da competição) e Guiné-Conakri (empate). A única vitória foi contra a República Democrática do Congo, dos 22 atletas, 14 atuavam em solo nacional, 6 na Bélgica (país que dominou até 1962) e 1 na Alemanha e na Zâmbia.

Jean Baptiste Kayiranga, o futebolista sobrevivente de Ruanda:

Entre 1988 e 2000, Jean atuou como jogador (meia-atacante), sendo que em 1994 vivia o auge da carreira, quando fez um gol pelo Rayon Sports (time de maior torcida no país) na Taça dos Vencedores Africanos que ocasionou a classificação da equipe para a segunda fase sobre o Al-Hilal Omdurman (Sudão).

Logo após esse momento, os jogadores da equipe se encontraram com o então presidente Juvénal Habyarimana. Essa foto lhe salvou, pois sendo tutsi começou a ser perseguido e sendo jogador foi reconhecido pelos hutus, eles ao verem a imagem deixaram seguir seu caminho. Entre 1996 e 1998, seguiu para Tunísia atuando pelo Ramarsa.

Quando a situação do país melhorou, ele retornou ao seu time de juventude (findou a sua carreira, sendo atleta e auxiliar-técnico da equipe). Durante a carreira de treinador esteve no Rayon Sports, Kiyovu SC, Gicumbi FC, Mukura VS, além de uma passagem pela seleção de Ruanda (derrota para a Etiópia por 1 a 0 na CECAFA 2005).

Futebol feminino no país:

Após a guerra, Felicité Rwemalika (atual vice-presidente do Comitê Olímpico e Esportivo de Ruanda) iniciou o projeto de crescimento do futebol como forma de ressaltar a igualdade de gênero e os direitos das mulheres. Outro nome importante é o de Marie Grace Nyinawumuntu (treinou a seleção feminina) como participante da evolução no país.

Em 2019, a liga nacional continha 10 times (AS Kigali WFC, o Scandinavia, o Inyemera WFC, o ES Mutunda WFC, o Kamonyi WFC, o Bugesera WFC, o Gakenke WFC, o Rambura WFC, o AS Kabuye WFC e o Rugende WFC). Além de uma segunda divisão, o maior campeão da competição é o AS Kigali com 11 títulos.

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Rayon Sports, campeão com técnico brasileiro:

Robertinho (técnico ex-Fluminense e que passou por Angola, Tunísia, Emirados Árabes Unidos e Kuwait) e o seu auxiliar-técnico Wagner Nascimento (com experiência no futebol capixaba) conquistaram o título do Campeonato Nacional de 2019 com 72 pontos em 30 jogos (23 vitórias, 3 empates e 4 derrotas).

A campanha lhe deu o direito de disputar a fase eliminatória da Liga dos Campeões da África (a equipe foi eliminada pelo Al-Hilal Omdurman por causa do critério do gol fora). O Rayon é nove vezes campeão nacional e atualmente Robertinho tenta retornar ao futebol brasileiro agora com o currículo de conquista.

Foto de capa: Seleção de Ruanda.

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