Stats Perform
·13 de agosto de 2019
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·13 de agosto de 2019
Ainda que não seja uma regra oficial, geralmente o jogador mais decisivo de um time que chega minimamente a uma decisão de Champions League costuma a ter grande favoritismo para ser eleito, no final daquela temporada específica, o melhor do mundo. Imagina, então, se ele é campeão europeu, nacional e mundial? Em 2010, Wesley Sneijder, que anunciou sua aposentadoria na última segunda feira, aos 35 anos, fez tudo isso e sequer subiu ao pódio na eleição conjunta da FIFA e France Football.
O meia-armador, de grande habilidade para construir jogadas ofensivas, estava em sua primeira temporada a serviço da Internazionale de Milão. Havia chegado à Itália após dois anos abaixo do esperado no Real Madrid, e ao final daquela campanha 2009-10, levantaria em pleno Santiago Bernabéu a taça da Champions League como o craque maior de um esquadrão que fez história.
Nas oitavas de final, participou diretamente dos três gols marcados sobre o Chelsea; nas quartas, deixou a sua marca e deu assistência para Diego Milito decidir contra o CSKA de Moscou. O duelo de semifinal, o mais emblemático daquela edição, colocou a Inter treinada por José Mourinho contra o poderoso Barcelona comandado por Guardiola, com Messi, Xavi e Iniesta no máximo de suas capacidades. Os italianos ganharam por causa da entrega defensiva, mas também por causa de um gol e uma assistência feitas pelo camisa 10 holandês. Sneijder também deu um dos passes para Milito nos 2 a 0 sobre o Bayern de Munique, que consagraram os Nerazzurri.
Nenhum jogador, nem mesmo Cristiano Ronaldo ou Messi, participou diretamente de tantos gols naquela edição de Champions League quanto Sneijder – dono do recorde de seis assistências, além de três tentos. Nove. Como se não fosse argumento o bastante, Sneijder também foi protagonista nos títulos de Coppa Italia e Serie A que sacramentaram a Tríplice Coroa para a Inter. E se ainda houvesse quem duvidasse do mérito do meia para ser eleito melhor do mundo, ele ainda foi peça vital para levar a Holanda ao vice-campeonato no Mundial de 2010 – inclusive sendo um dos carrascos na eliminação do Brasil, nas quartas de final.
A Bola de Ouro que deveria ter sido de Sneijder, entretanto, naquele 2010 ficou com Messi, que se manteve com o carimbo de melhor jogador do mundo, em uma disputa ininterrupta com Cristiano Ronaldo, iniciada em 2008 e que só foi conhecer outro nome em 2018, quando Luka Modric recebeu os prêmios. Se a eleição daquela Bola de Ouro de 2010 tivesse sido mais justa, seguindo a ideia de que recebe a honraria o melhor dentro daquela campanha específica, o holandês teria recebido o prêmio – sendo que na verdade sequer esteve entre os finalistas.
Na época, inclusive, Xavi – que ao lado de Iniesta e Messi foi apontado como finalista ao galardão – reconheceu que não concordava com a ausência do holandês: “eu sei que, na Itália, as pessoas ficaram chateadas porque ele não é um dos finalistas, e eu só posso concordar com eles. O holandês teve um ano fantástico”, disse.
Uma injustiça daquelas inesquecíveis na história da premiação, que se tivesse seguido a receita de décadas anteriores teria apagado este asterisco: Sneijder recebeu, em 2010, a maior parte dos votos dos jornalistas. Não foi o bastante naquela época. Messi e Cristiano Ronaldo eram e são melhores no geral, mas naquela temporada específica não foram.
O principal, contudo, é o que a história escrita com a bola nos pés conta sobre aquela temporada que imortalizou Wesley Sneijder como um ídolo eterno da Inter de Milão, no último título europeu de um clube italiano. Naquela campanha, ninguém decidiu mais do que ele.