Trivela
·07 de dezembro de 2020
Trivela
·07 de dezembro de 2020
O Cruz Azul vive seu longo martírio no Campeonato Mexicano. Um dos maiores clubes do país não vence a taça nacional desde 1997 – e mesmo com o formato que coroa dois campeões por temporada. Os Cementeros já faturaram a Copa MX e até a Concachampions neste ínterim, mas a Liga MX permanece como uma incômoda barreira. E, neste domingo, a eliminação nas semifinais do Apertura 2020 veio com requintes de crueldade. O Cruz Azul havia vencido o primeiro duelo contra o Pumas UNAM por 4 a 0. Pois os felinos conseguiram uma virada inimaginável. Devolveram os 4 a 0 e avançaram por terem a melhor campanha na fase de classificação. A “cruzazuleada”, como são conhecidas essas derrapadas do time, resultou em uma remontada de dimensões inéditas na história do campeonato.
O Cruz Azul chegou às semifinais com motivos para acreditar na conquista. Quarto colocado na fase inicial do Apertura, o time da capital eliminou o competitivo Tigres nas quartas de final. Então, pintou no caminho o Pumas, dono da segunda melhor campanha e que havia despachado o Pachuca na etapa anterior. Os Cementeros passaram o carro no Azteca, com a goleada por 4 a 0, em que os três primeiros tentos saíram logo nos primeiros 13 minutos. Luis Francisco Romo foi o destaque da noite, balançando as redes duas vezes.
Para o reencontro, tudo parecia sob controle do Cruz Azul. O time poderia perder por três gols de diferença no Estádio Olímpico Universitário que ainda estaria classificado. Não à toa, parecia não preocupar a ausência do goleiro José Jesús Corona, ausente por uma lesão no joelho. A gordura, porém, foi queimada ainda no primeiro tempo. Aos quatro minutos, após cobrança de escanteio, Juan Ignacio Dinenno botou os felinos em vantagem. Aos 37, o próprio Dinneno ampliou, aproveitando o rebote de um milagre do goleiro Sebastián Jurado. E o terceiro viria aos 41, com uma bomba cruzada de Carlos González.
O Cruz Azul chegou a ganhar um pênalti antes do intervalo. Contudo, o lance foi anulado pelo VAR por conta de um impedimento na construção da jogada. O segundo tempo não concedia margem aos erros e o Pumas seguia pressionando. A persistência precisou se manter até os 44 minutos, quando saiu o gol da classificação. Depois de um cruzamento que atravessou a área sem ninguém cortar, Juan Pablo Vigón fuzilou às redes adversárias. Provocou uma erupção entre os felinos ao apito final.
“Não sou um profeta, tudo o que fiz foi dar confiança aos meus jogadores. Mudei o sistema de jogo, confiei muito neles. Temos talento, mas temos ainda mais garra. Nem sempre os melhores ganham, às vezes ganham os mais convencidos da vitória. É uma felicidade enorme que me supera, demos um passo muito importante que era passar. Disse que íamos jogar a final. A equipe atuou num alto nível, somos o que somos. Hoje ficou a garra, a paixão, o sentimento, o pertencimento”, falou o técnico Andrés Lillini, depois da classificação.
O Pumas UNAM tentará levar seu primeiro título desde 2011. A equipe tem alguns medalhões, incluindo Juan Iturbe e Alfredo Talavera, embora a grande figura seja mesmo o artilheiro Dinneno. Na decisão, pegará o León, que sobrou na fase classificatória e eliminou o Chivas Guadalajara nas semifinais. Estrelado por Ángel Mena, os auriverdes foram o vices do Clausura em 2019 e tentam sua primeira taça desde 2014. O troféu ficará com um campeão menos óbvio, fugindo da hegemonia local. No entanto, não servirá para encerrar o amargor de mais de duas décadas do Cruz Azul.